quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Emergência no voo

Hoje sai para um voo de Congonhas para o Galeão no Rio de Janeiro, mas não consegui chegar lá! Já na decolagem, quando ainda estavamos a aproximadamente 140 Km/h, tivemos uma falha no motor, ele simplesmente apagou. Imediatamente interrompemos a decolagem! Sem dúvida um susto para todos, mas após as devidas explicações, voltamos para o estacionamento e entregamos o avião para a manutenção. Problema solucionado e vamos novamente, sendo que desta vez a decolagem transcorreu sem problema algum. Porém, durante a subida, percebemos um problema no sistema de pressurização, e interrompemos momentaneamente a ascenção ao nível de cruzeiro, para efetuarmos o "check-list" pertinente, solucionando assim a pane. Mas o sistema de pressurização estava de fato predestinado a uma falha, e quando voando tranquilamente em nível de cruzeiro, tivemos uma súbita despressurização da cabine. O copiloto e eu rapidamente colocamos nossas máscaras de oxigênio, e tentamos reestabelecer a pressurização. Também na cabine de passageiros as máscaras cairam, e não obtendo sucesso em normalizar a situação, decidimos realizar uma descida de emergência para uma altitude onde todos pudessemos respirar sem auxílio de máscaras. Uma descida abrupta e tensa para todos. Após nivelarmos e podermos retirar as máscaras, entramos em contato com os comissários para saber qual era a situação dos passageiros. Estavam todos bem, exceto um senhor que bateu a cabeça e estava muito nervoso. Fiz um anúncio a todos explicando o que ocorrera, e informei que estavamos seguindo para pouso em Guarulhos. Mas as surpresas não haviam terminado, pois quando estávamos na aproximação, tivemos uma dupla falha hidráulica devido ao completo vazamento de fluído hidráulico. Mais uma sequência de "check-lists" e procedimentos antes de poder seguir para o pouso. Com dupla falha hidráulica, os flapes e trem de pouso necessitam de métodos alternativos para serem movimentados, e após o pouso, não temos como taxiar o avião, então um reboque se faz necessário. Pousamos com segurança, quase uma hora após a decolagem de Congonhas. E 10 minutos depois já nos preparávamos para uma nova decolagem. Um grande susto? Não, foi apenas uma sessão de simulador de voo. Anualmente temos 3 dias de recilagem com treinamento e avaliação nos simulador, onde revisamos, praticamos e aprendemos manobras e procedimentos. Espero nunca ter estas panes na vida real, e provavelmente não as terei em toda a minha carreira, mas se acontecer...

  1. Ambas as fotos mostram um simulador de voo, a cabine que é igual ao avião e visto por fora, com sua "patas" que sobem e descem para dar a sensação de movimento de voo.

3 comentários:

  1. Me enganou direitinho... Eu já estava pensando em cancelar a ida a Curitiba! Pânico.

    ResponderExcluir
  2. Também me enganou direitinho.... Eu já estava pensando em simular um ataque do coração para v. ser obrigado a mudar de profissão! Ainda mais que - ontem mesmo, voltando de BH - o avião em que eu viajava precisou pousar em GRU por causa de um problema nos flaps.

    ResponderExcluir
  3. Vai passar susto lá na vovozinha...
    Gostei dos textos!
    Esse é o meu cunhado preferido.

    ResponderExcluir