Quem não
conhece pessoas que dizem, até com certo orgulho, estar há anos sem férias? Vendem-nas,
adiam e vão protelando; quando muito tiram uma semana no final do ano. Muitos
são profissionais liberais que simplesmente não conseguem parar por duas
semanas. Na aviação comercial brasileira as férias anuais não podem ser negociadas
e nem fragmentadas, devem ser gozadas em 30 dias corridos. Tão pouco as férias podem ser adiadas
indefinidamente, no mais tardar antes de vencer o segundo período de trabalho
anual, o tripulante é obrigado a dar um tempo do trabalho. Que bom!
As passagens
com preços especiais para funcionários das empresas aéreas são um incentivo
para viajar e conhecer novas paisagens, mas como estes bilhetes não dão
garantia de embarque, é sempre bom analisar se o barato não vai sair caro.
Depois que eu entrei para a aviação comercial, fiquei muitos anos sem saber o
que era comprar uma passagem aérea a preços normais.
Em 2003 a
situação da Varig estava complicada e um acordo fora feito com a TAM de forma
que elas dividiam meio a meio os assentos e a receita dos voos domésticos.
Naquela época, TAM e Varig enfrentavam problemas diferentes: a Varig não tinha
equipamentos suficientes para atender à sua malha aérea e a TAM, pelo contrário,
tinha aviões em número maior que a necessidade. Este acordo foi bom para as empresas,
mas foi péssimo para os funcionários da Varig que queriam viajar com suas
passagens sujeitas a espaço. Em um avião havia somente a metade disponível para
cada empresa, e quase sempre a metade destinada a Varig estava lotada.
Em janeiro
daquele ano estava de férias e o plano era passar uns dias num resort próximo a
Recife, justamente quando os voos estão cheios devido às férias de verão. Recorri
a uma agência de viagens! Com o hotel pago e translado agendado, não queria
correr o risco de não conseguir embarcar e ter que tentar o próximo voo, que podia
ser só no dia seguinte. Fui de GOL, e foi uma maravilha! No saguão de embarque
em Congonhas havia um funcionário da agência de viagens nos aguardando e que
agilizou o check-in e nos deu os cartões de embarque. Um luxo ter assentos
assegurados em um voo lotado no mês de janeiro! Na volta de Recife foi a mesma
praticidade, sendo que lá, eu encontrei um colega da Varig que estava voltando
para São Paulo com a esposa e que estava passando um sufoco. Ele não havia
conseguido voltar no dia programado e já estava no aeroporto há mais de oito
horas tentando embarcar.
Agora estou
de férias até o dia quinze de julho e desta vez vou aproveitar as férias
escolares dos filhos para fazer uma viagem aos EUA. Como nesta época os voos
estão simplesmente lotados, não vai dar para viajar com passagens baratas. Pelo
contrário, os bilhetes aéreos na alta temporada são bastante caros, e nem sonho
com a possibilidade de um “up-grade” para a executiva da United Airlines.