sexta-feira, 17 de maio de 2013

Salve Jorge!

Em 2004 a novela do momento era Celebridade, que em sua última semana, atiçava a curiosidade de boa parte dos brasileiros com o mistério de quem havia matado o tal do Lineu Vasconcelos, personagem interpretada pelo ator Hugo Carvana.  Na noite do último capítulo eu estava decolando de Frankfurt com destino a São Paulo e junto com boa parte da tripulação, curioso para saber o desfecho do folhetim.

Nestas travessias do Atlântico, há uma área entre Fortaleza e a Ilha do Sal onde os voos que se destinam à Europa se “encontram” com os que estão voltando ao Brasil. Usando uma frequência livre, uma frequência “ar-ar”, os pilotos trocam informações que podem ser importantes ou apenas para um breve bate papo. Aproveitei aquele momento para perguntar aos pilotos na frequência se alguém sabia quem tinha matado Lineu Vasconcelos.  A resposta veio rápida: - Foi a Cachorra! Sem demora eu informei aos comissários que a assassina era a Cachorra, apelido da personagem interpretada pela atriz Cláudia Abreu. Após o pouso dei as boas vindas aos passageiros e também a eles, revelei o mistério.

No ano passado, no final da novela Avenida Brasil, até o Operador Nacional do Sistema Elétrico teve que manter equipes de prontidão devido a um temor de apagões de energia no horário do último capítulo. A novela estava fazendo um enorme sucesso e seriam milhões de telespectadores ligados na telinha.

Nas últimas semanas da Avenida Brasil, quando a atriz Adriana Esteves alucinava o horário nobre e eu estava voando à noite, não deixava de  comentar sobre a novela em meus anúncios aos passageiros. Dizia que gostava de voar naquele horário quando a atmosfera costuma sem mais calma e o voo menos sujeito a turbulência, mas que, honestamente, eu preferia estar em casa acompanhando as travessuras da Carminha. Após o pouso, me despedia dos passageiros com um “oi, oi, oi”, reproduzindo o refrão da música tema da novela. Era um barato, os passageiros desembarcavam rindo e cantarolando o refrão.

Nesta semana mais uma novela chega ao fim; Salve Jorge, que começou insossa e agora está atingindo altos índices de audiência. Desde segunda feira que, voando no final da tarde ou à noite, eu insiro o tema nos meus anúncios.  Ontem, dia do penúltimo capítulo, decolei de Navegantes/SC com destino a Congonhas num voo curto e turbulento em função de mais uma frente fria atuando sobre os estados do Paraná e São Paulo. Pousamos um pouco antes das oito da noite e a caminho do local de estacionamento do avião, fiz meus comentários “novelísticos”.

Foi mais ou menos assim:  "Muito bem, mais uma vez bem vindos a São Paulo, um voo um pouco turbulento, é verdade, mas foi rápido e seguro. Olha, eu quero dizer para vocês que eu sou um cara que gosta de futebol, luta livre e motocross, mas tendo em casa duas filhas, além da minha mulher, acabei fisgado pela novela que está nos últimos capítulos. Agora não tem jeito, quero saber qual será o desfecho da Lívia Marini, do Russo e de toda a turma do mal. Então, para quem gosta do tema, me despeço com uma saudação especial: Salve Jorge!" A turma aplaudiu.


Já estacionado, a comissária me chamou pelo interfone dizendo quem alguns passageiros queriam saber se “esse cara era eu”. Emendei mais um breve anúncio dizendo que apesar de ROBERTO CARvalho ser parecido com o nome do “Rei”,  eu não era o cara, e que embora eu estivesse ligado na trama da Glória Peres, eu tinha era saudade da Carminha. Foram vários os comentários positivos no desembarque, os passageiros realmente curtiram aquele momento de descontração, me cumprimentando e se despedindo com um - SALVE JORGE!