sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Empurra": o voo mais cansativo da aviação comercial brasileira

Embora a programação do voo do "empurra" para o Japão fosse bastante cansativa, havia a turma que gostava tanto que até pedia para ser escalada para esta programação. Para contar como era a rotina do voo, vamos supor que ele esteja começando no dia primeiro de determinado mês, em uma segunda feira.

No primeiro dia a decolagem do Rio de Janeiro para Guarulhos era por volta de dez horas da noite. Para os tripulantes base São Paulo, a programação já começava pela manhã quando havia o deslocamento para o Rio de Janeiro para que houvesse o descanso de pelo menos doze horas antes de começar o voo para o Japão. Após pousar em São Paulo, a decolagem era prevista para a meia noite de segunda para terça feira. Era um voo longo até Los Angeles e os tripulantes que trabalhavam na primeira metade da etapa, varavam a madrugada aguardando o período de descanso.

No dia seguinte, quarta feira e terceiro dia da programação, metade da tripulação seguia para o Japão com decolagem por volta de 13hs e chegada no final da tarde do dia seguinte. O voo era de doze horas, mas avançava-se no tempo 30 horas! Quinta feira no Japão, quarta feira no Brasil! A ida até o Japão era menos sacrificante, o corpo ainda não "protestava". Na volta é que a situação realmente se complicava.

Havia várias correntes de pensamento em relação à melhor técnica para enfrentar a mudança de fusos. Tinha os tripulantes que tentavam se manter no fuso horário de origem (Brasil ou Los Angeles?), muitos até levavam fitas adesivas na mala para melhorar a vedação da cortina do quarto do hotel. Outros achavam que o melhor era se esforçar para entrar logo no fuso da região, e embora estivessem super cansados, se mantinham acordados para só ir para a cama no horário da noite local. E por fim havia a os que diziam para simplesmente obedecer ao corpo: Se está com sono, durma, se não, fique acordado, se está com fome, coma e assim por diante. Qualquer que fosse o sistema adotado, o corpo e a cabeça sentiam os efeitos do "jet-lag" e era inevitável acordar na madrugada no Japão sem ter o que fazer ou aonde ir. Alguns iam para o bar do hotel, outros se reuniam para ficar conversando ou tentavam assistir TV, mas a única opção viável era a CNN, pois os demais canais eram em japonês.

Na sexta era o regresso a Los Angeles com saída por volta de sete da noite e chegada a uma da tarde do mesmo dia! Nesta volta, o estômago está confuso, até porque vivía-se 36 horas em apenas 12, então tomava-se café da manhã duas vezes, almoçava-se também duas vezes e jantar também duas vezes! O intestino também sofria com esta viagem pelos fusos horários. Aqueles que tinham que tomar remédio com horário certo, em algum momento ficavam inseguros e não sabiam se tinham tomado a mais ou a menos. Por falar em remédio, era notório que neste voo do empurra, muitos tripulantes, principalmente entre os comissários, tomavam medicações para dormir, para não dormir e até antidepressivos. Florais, homeopatia, "reiki" e outras técnicas de relaxamento e realinhamento corporal também eram usadas pelos tripulantes. Para as mulheres, até o ciclo menstrual ficava desregulado. Uma colega contou um caso de uma passageira que saindo do Japão para LAX, pediu a uma amiga para ir buscá-la no aeroporto. Quando chegou lá, a amiga não estava. Ela resolveu ligar depois de esperar uma hora e ouviu da amiga que ela a esperava no dia seguinte... Quando você cruza de volta a linha do dia, você anda pra trás no tempo, ou seja, ela estava adiantada 24h!!! Imagine isso. Você está acostumado a sair num dia e chegar no dia seguinte, certo? Nesse voo você sai às 19h e chega às 14h do mesmo dia! Você chega antes de ter saído!!! Loucura!!!!

Finalmente no dia seguinte, (sábado em Los Angeles, sexto dia da semana, porém o sétimo dia vivido pelo organismo do tripulante) era a decolagem de volta ao Brasil. Neste voo, alguns já tinham esquecido o próprio nome! Em mais uma etapa longa, após pousar em São Paulo ainda havia o trecho final para o Rio de Janeiro. Os tripulantes chegavam "mortos", ao final do voo muitos ligavam para a chefia pedindo pelo amor de Deus para não fazer mais esta programação. Uma colega contou que na primeira vez que fez o empurra chegou acabada, levando dias para se recuperar. Na segunda ela chegou enfurecida, querendo dar na cara de todo mundo. Já na terceira, ela conta que chegou em casa profundamente apática e infeliz, que desta vez podiam dar na cara dela que ela não esboçaria reação. Não era fácil, oito dias na vida do cidadão, enquanto no calendário apenas sete se passavam.

Com tudo isso, em especial para os comissários, cujo descanso a bordo era em assentos da classe econômica, e também devido à natureza do trabalho, o voo era dificílimo. Como apresentar ao passageiro o "padrão Varig"? Muitos comissários entraram de licença médica na época do empurra. O serviço médico da empresa reconhecia que era uma programação pesada, que não deveria existir, mas nem os médicos e nem o sindicato conseguiram acabar com ela.

Mas se o empurra era um voo tão desgastante, por que a Varig manteve esta programação por alguns anos, e por que alguns tripulantes gostavam?

Para a companhia era uma simples questão de custos, o bem estar dos funcionários já não era uma prioridade. Com o empurra o número de tripulantes baseados em Los Angeles foi reduzido à metade, gerando uma economia significativa. Para os que gostavam, um dos motivos era o valor das diárias de alimentação, que nesta programação chegava a U$ 500,00 numa época em que a cotação chegou a 3,80 reais por dólar. Difícil era não gastar boa parte deste dinheiro, pois EUA e Japão são o "paraíso" dos eletrônicos. Outro motivo que fazia com que alguns até pedissem para fazer o empurra era que esta programação dava um total de 49 horas de voo, quando o limite mensal é de 85 horas. Com isso, após o período de folga, só era possível voar mais 36 horas naquele mês. Estas horas de voos podiam ser feitas em um voo de quatro ou cinco dias para Europa e, no máximo, mais uma programação de voo bate-volta. Assim, trabalhava-se doze ou treze dias no mês e folgava-se os demais. Fazer o empurra também era a maneira de voar para o Japão sem ter que ficar no baseamento em Los Angeles.

Quando o voo para o Japão deixou de ser diário, a programação do empurra teve que ser encerrada, pois desta maneira o tripulante levaria mais de sete dias para sair e voltar para o Brasil, contrariando as leis trabalhistas dos aeronautas. A maioria celebrou, e uns poucos lamentaram.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Invadi o programa da muherada!

Em outubro de 2009 meu primo que mora em Curitiba se casou. Aproveitando o feriado de 12/10, boa parte da família se programou para viajar para lá e prestigiar o casamento e a festa. Com a devida antecedência, fiz à escala de voos uma solicitação de um voo que me permitisse um pernoite em Curitiba justamente na noite do casamento, assim eu uniria o útil ao agradável. Infelizmente meu pedido não foi atendido, talvez até tenha havido uma confusão, já que me foi dado um pernoite em Londrina para aquela noite. Um engano lamentável, e só me restou ligar para os noivos e desejar tudo de bom. Não estar presente em certas datas, festas e ocasiões em que quase todos podem estar é comum na vida dos pilotos, já estamos acostumados.

Mas nem tudo estava perdido, e na véspera do casamento entrei em contato com o pessoal da escala na tentativa de encontrar uma solução para o meu caso. Havia um colega que estava numa programação muito semelhante à minha, porém com pernoite em Curitiba! Consegui contato com ele, que aceitou minha proposta para uma troca de programações. Minha presença na festa estava garantida e para fazer uma surpresa mantive segredo, não contando aos meus irmãos, pais, tios e primos que eu apareceria por lá. Cheguei no hotel por volta das dez da noite, me troquei rapidinho e segui para o local da festa.  Como diria o Chaves, "sem querer querendo" fiz o maior sucesso, pois a minha chegada foi uma grande surpresa para a família.

Passado um ano, consegui "armar" outra grande surpresa.  Minha mãe fez aniversário e para comemorar resolveu convidar as filhas, noras e neta para um fim de semana prolongado em Buenos Aires. Minha tia (irmã da minha mãe) se entusiasmou e também resolveu ir acompanhada das duas noras. Notem que os homens foram completamente excluídos desta programação! Para não ficar de fora solicitei um voo para BUE, com ida no sábado e retorno no domingo, para poder levar meu filho comigo e dar um flagrante nas "chicas". Na escala de outubro, fui contemplado com o pernoite em Buenos Aires, porém numa programação um pouco mais extensa, incluindo um pernoite em Belo Horizonte. Com a cumplicidade de minha mulher e filha, mais uma vez mantive segredo,  comentei com minha mãe e irmãs que  iria para Manaus e depois Recife e que estaria levando meu filho. Elas que aproveitassem o passeio e se comportassem!

Cheguei no hotel por volta de quatro horas da tarde, e através de mensagens pelo celular, fui de encontro à mulherada que estavam fazendo compras na Calle Florida. As caras de surpresa das minhas irmãs e minha cunhada, quando dentro de uma loja avistaram meu filho e eu, foram muito engraçadas! Depois foi a vez de surpreender a minha mãe. No hotel minha filha disse à ela que havia encontrado uma "coisa" legal nas ruas, e quando minha mãe nos viu, quase caiu para trás! Por fim  minha tia e suas noras também não entenderam nada ao nos verem. Foi muito legal. Como no dia seguinte a condução sairia do hotel para o aeroporto às quatro e meia da madrugada, meu filho e eu só tivemos tempo de sair com o mulherio para jantar. Segundo elas, aquela programação de "tango erótico", "go-go boys" e outros passeios proibidos para homens, tiveram que ser adiados para a noite seguinte!

A aviação comercial tem destas coisas, se por um lado não conseguimos estar em nossas casas em diversas datas, por outro, se programarmos com antecedência, grandes surpresas podem acontecer.


  • Na primeira foto eu estou com minhas irmãs e meu irmão no casamento do meu primo, em outubro do ano passado. Na segunda, eu e meu filho invadindo o programa da mulherada. Não coloco a foto da cara de espanto da minha mãe, pois ela certamente não iria gostar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A rota do Oriente

Foi um grande acontecimento quando em 1968 a Varig inaugurou a linha para o Japão. Herdado da Real Aerovias, o voo era feito com o “moderno” Boeing 707, que antes de pousar no Japão fazia escalas em Lima, Los Angeles e Honolulu. Por se tratar de um voo muito longo, já naquela época a Varig criou um baseamento de tripulantes em Los Angeles. Enquanto o trecho do Brasil para os E.U.A e a volta era feito pelos tripulantes do Rio ou São Paulo, os tripulantes do baseamento faziam apenas a rota para o Japão. Pilotos, mecânicos de voo e comissários(as) se mudavam para California e lá moravam por períodos que podiam ir além de dois anos. Era uma grande oportunidade para os aeronautas que viviam uma experiência fantástica, além de poder ganhar um bom dinheiro a mais. Estes tripulantes recebiam seus salários depositados em moeda brasileira no Brasil, mais uma ajuda de custo para a moradia e as diárias de alimentação. Faziam um bom “pé-de-meia” e passeavam bastante. Muitos colegas de Varig, da minha geração, passaram parte da infância, adolescência ou juventude em Los Angeles, inclusive tirando as licenças de piloto por lá.

A partir de 1974, o voo não mais necessitou de escalas, podendo voar direto do Brasil para Los Angeles e depois para o Japão. Isto aconteceu com a incorporação do DC-10 à frota da Varig, que passou a fazer a rota do Japão, até que na década seguinte foi substituído pelo Jumbo 747. Em 1999 o Jumbo deixou de fazer parte da frota, e o voo passou a ser feito de MD-11 até 2005 quando a Varig encerrou esta linha.

O trecho LAX-NRT (indicatívo IATA para o aeroporto de Los Angeles e Narita, que atendia a cidade de Tokio) era feito em aproximadamente 12 horas de voo. Para fugir dos ventos contrários, a rota seguia em uma espécie de “arco” sobre o oceano, deixando a costa do Canadá, Alaska, Ilhas Aleutas, Russia e Coreias sempre ao lado direito. Já a volta era feita em uma “linha reta”, e com os fortes ventos que sopravam alinhados, o tempo de voo era de aproximadamente nove horas. Uma coisa interessante no trecho de volta, era que após três horas de voo, em noites de tempo bom, podiam ser observadas uma profusão de luzes em pleno Oceano Pacífico. Eram os pesqueiros japoneses que se concentravam em alto mar, dando a impressão de constituiram uma verdadeira cidade.

Havia dias da semana que o avião pousava em Narita, cujo aeroporto, assim como Guarulhos está para São Paulo, atendia à cidade de Tokio. Em outros dias o voo seguia para Nagoya, e de lá a tripulação seguia de trem bala ou mesmo de avião de outras empresas para Tokio/Narita, numa viagem de 45 minutos.

No 11 de setembro de 2001, no exato momento da derrubada das torres gêmeas, a Varig tinha dois aviões seguindo para LAX. O governo norte americano decretou o fechamento do espaço aéreo nacional, e os voos tiveram que ser desviados. O MD-11 que havia decolado do Brasil teve que pousar na Cidade do México e o que havia saído do Japão também recebeu instruções para alternar. Dizem que o Comandante do voo, ao saber que o sobrevoo do espaço aéreo norte americano estava proibido, quis seguir para o pouso no Havai! Não foi possível, e o regresso ao Japão foi necessário.

O 11 de setembro foi um duro golpe para o voo do Japão, pois a partir deste episódio as autoridades americanas passaram a exigir aos passageiros em trânsito o visto no passaporte. Mesmo que o passageiro não fosse parar nos EUA, o visto era necessário. Com isso, o trecho para o Japão começou a apresentar uma menor rentabilidade pois os passageiros começaram a seguir por rotas que passavam pela Europa. O baseamento em Los Angeles pouco a pouco foi ficando mais curto e menos vantajoso financeiramente, além disso, o trecho Brasil-Lax continuava a ter os voos lotados, dificultando o embarque dos familiares dos tripulantes que iam para o baseamento. Aquele baseamento longo deixou de existir e passou a ser temporário, de 3 ou 4 meses somente. O valor das diárias recebidas pelos tripulantes  diminuiu significativamente, assim como a ajuda de custo referente à moradia. O tripulante podia escolher entre ficar no hotel, ou receber a quantia equivalente a hospedagem e cuidar da própria moradia. Muitos se cotizavam e alugavam uma casa nas proximidades do hotel.

Para diminuir ainda mais os custos, a Varig diminuiu do número de tripulantes baseados em Los Ângeles, e a maneira encontrada para suprir a quantidade necessária de tripulantes para realização dos voos para o Japão, foi criar uma programação de voo que logo ficou conhecida como “Empurra”. Metade da tripulação que saia de Brasil, após a chegada em LAX, retornava ao Brasil no dia seguinte. A outra metade, após o repouso, seguia para o Japão. Do Japão regressavam aos EUA e no dia seguinte para o Brasil. Trabalhava-se quatro dias, mas na verdade sete se passavam. Doze horas de fuso para lá com um regresso quase que imediato mexia muito com a cabeça e o organismo dos tripulantes. Alguns gostavam da programação, outros odiavam. Para os pilotos, fazer o “empurra” era um pouco menos difícil, já que eles trabalhavam sentados e o descanso à bordo, feito no “sarcófago” do avião, era não apenas melhor, mas também mais longo. Para os comissários e comissárias o tempo de descanso era bem mais curto e eram poucos os aviões que possuiam “sarcófago”, eles descansavam nos assentos da classe econômica.

Eu não cheguei a fazer o voo para o Japão, pois o baseamento curto não me interessou na época, e o “empurra” não veio na minha escala de voos quando estive no MD-11. Conversei com vários colegas que me contaram suas experiências nestes voos. Todos eram unânimes em afirmar que era uma programação muito longa e sacrificante, que não fazia bem para a cabeça e nem para o corpo. Mais adiante vou contar os motivos que faziam com que uns encarassem bem o “empurra” e outros não.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Churrasco no hangar

O primeiro destino internacional da Varig foi Montevidéu. O voo inaugural foi em 1942, feito em um De Havilland Dragon Rapide, avião inglês para oito passageiros, numa viagem de três horas e meia saindo de Porto Alegre.

Nos anos em que voei na Varig, o voo era realizado de Boeing 737-300, e havia uma programação que era para lá de especial - um simples bate-volta do Rio de Janeiro para Montevidéu - em que havia um longo tempo de espera em solo Uruguaio. Neste caso, apesar de haver quase quatro horas entre a chegada e a saída, a tripulação, ao invés de seguir para o hotel para um breve descanso, ficava aguardando no aeroporto. Para passar o tempo, os tripulantes se reuniam para o famoso “churrasco no hangar”.

Este churrasco era organizado pelo Lanzzini, um brasileiro apaixonado pelo Uruguai que por anos foi o mecânico responsável por receber e atender os voos da Varig. Um senhor muito simpático, bom de prosa que além de receber bem os tripulantes, demonstrava muito prazer em preparar o churrasco. O esquema funcionava da seguinte maneira: Ainda no Rio de Janeiro, quando a tripulação se reunia para o voo, pilotos e comissários conversavam e combinavam os detalhes para entrar no rateio necessário para o churrasco. Quase sempre os seis (comandante, copiloto e os quatro comissários) topavam, mas havia dias em que um ou outro vegetariano preferia ficar de fora. Após a decolagem, quando os pilotos entravam em contato com a empresa para informar o estimado de chegada no destino, esta mensagem era acrescida da informação do número de tripulantes que iriam participar do churrasco.

Lá em Montevidéu, de posse da mensagem, o Lanzzini providenciava a compra das carnes, que eram maravilhosas, cortes que não encontramos nos supermercados brasileiros. Em um canto do hangar o churrasco era preparado e acompanhado de refrigerantes, sucos, pães e outros aperitivos básicos. O Lanzzini era um grande contador de “causos”, e assim o tempo de espera passava rapidinho. O valor do rateio a ser pago para cobrir as despesas era irrisório diante da quantidade e qualidade do churrasco. Faltando quarenta e cinco minutos para a saída do voo, a tripulação retornava ao avião e se preparavam para embarcar os passageiros e voar de volta ao Rio. Quase sempre a quantidade de carne comprada para o churrasco era tão generosa que os tripulantes levavam alguns cortes para suas casas .

O “velho” Lanzzini faleceu há uns anos, o avião ao pousar no Uruguai já não fica mais parado por horas, e o antigo aeroporto cedeu lugar a um novo terminal. O pernoite em Montevideu continua muito agradável com ótimas opções de restaurantes para comer uma bela carne, mas o churrasco no hangar não tem mais, ficou apenas na lembrança daqueles que tiveram a sorte de participar.

domingo, 3 de outubro de 2010

Batman X Batman

A grande atração do Lapinha durante um tempo foi o Batman. Conhecido por possuir a maior "ferramenta" da região, junto com sua parceira faziam o show de sexo explícito mais esperado das noites do Lapinha. Em uma determinada ocasião, entre os presentes na casa, havia no grupo de tripulantes uma pessoa que iria tornar-se uma verdadeira lenda.

Ladies and gentlemen, welcome to Lapinha, it's wonderful! Finalmente a atração principal da noite foi anunciada e o Homem Morcego entrou no palco junto com sua "vítima". Ao som de uma música qualquer e os olhares atentos da plateia, pouco a pouco o casal foi se desfazendo de suas fantasias, jogando-as em um canto do palco. Na mesa dos tripulantes da Varig estava um colega nosso, na época copiloto de 737, com seus 35 anos de idade e não mais que um metro e setenta centímetros de altura. Quando finalmente o Batman tirou sua Bat-Sunga e mostrou seu Bat-Pênis, este colega, que já estava embalado pela cerveja, levantou-se e, batendo forte com a mão na mesa exclamou: - Mas é só isso? O meu é bem maior! Primeiro as pessoas ao redor dele e em seguida todos que lá estavam começaram a pedir: Mostra, mostra, mostra! A esta altura, até o Batman parou para acompanhar os acontecimentos. Pois não é que o colega subiu na cadeira, abriu a calça e botou o "dele" para fora? Os tripulantes que estavam presentes juraram que o que se viu era enooooorme, e realmente maior que o do Batman. O público foi à loucura, assobiando e aplaudindo nosso amigo, que logo recolheu seus "documentos". O Batman, que havia deixado momentaneamente o palco para se recompor, voltou para retomar o show.

A estória não demorou a se espalhar entre os tripulantes da empresa. Nosso amigo, que segundo ele próprio sempre fora pouco notado pelas colegas de trabalho, ganhou fama. A partir daquele dia, ele notou que as comissárias passaram a cumprimentá-lo de outra maneira ao se apresentar para uma programação de voo. Ao reconhecerem seu nome, não deixavam de lançar um olhar mais intenso (e mais ao "sul") e exclamarem com surpresa: Ah, é você o Batman?