terça-feira, 25 de agosto de 2009

Meus primeiros passageiros






Em 1983, já de posse do Brevet de piloto privado,minha meta era acumular horas de vôo. Junto com colegas no aeroclube, programávamos passeios aéreos nos fins de semana. Voávamos pelo interior de São Paulo, Alfenas, Vitória, Paranaguá, Ubatuba, ou mesmo um vôo até Jundiaí e Atibaia. Gostava de fazer um sobrevôo na região de Bragança onde minha família tem um sítio, e lembro que em um desses sobrevôos, enquanto voava em círculos sobre o sítio, lá em baixo, minha tia e primos ficaram no gramado agitando toalhas coloridas. Com cerca de 80 horas de vôo, o chefe dos instrutores no aeroclube me autorizou a levar passageiros em meus vôos. Mas quem poderiam ser minhas primeiras cobaias? Minha família, é claro! Então, num sábado de tempo bom,levei para um passeio meu pai, minha mãe e a Suca, minha irmã caçula. Corajosos, eles! Outros que se aventuraram comigo foram meus amigos Olavo, Cymba e Joyce, sendo que quando a mãe desta minha amiga, (que na época devia ter 17 anos) ao saber do passeio da filha, ficou louca da vida, fazendo-a prometer que jamais repetiria tal programa. Aliás, colocando-me agora em seu lugar, teria me sentido igual. Em outra ocasião a Lucky, minha irmã mais velha, precisava ir a trabalho para Rio Claro, então a levei de avião. Porém na volta, o Campo de Marte estava fechado para vôos visuais e me restou pousar e deixar o avião no aeroporto em Jundiaí, onde o resgataria no dia seguinte. Acontece que nem eu, ela ou o colega dela tínhamos dinheiro suficiente para voltar para São Paulo, assim fomos os 3 para a margem da Rodovia dos Bandeirantes pedir carona. Conseguimos com uma Kombi que nos deixou em algum ponto da Marginal, de onde pegamos um taxi de volta para o Campo de Marte, onde lá sim eu tinha dinheiro em minha carteira que havia deixado no carro. Essa foi boa, ir de avião e voltar de Kombi! No primeiro semestre daquele ano de 83, eu estava cursando Administração de Empresas na P.U.C., mas, como meu negócio definitivamente era a aviação, larguei a faculdadee em julho fui passar o mês em Porto Velho –RO onde tive a oportunidade de co-pilotar um Piper Aztec, avião bimotor para 7 pessoas, da empresa em que meu pai trabalhava. Foi ótimo, pois voava sob supervisão do Cmt DeMarco, que não só possuía bastante experiência, como também me emprestou manuais técnicos, onde pude me aprofundar em determinados temas. Eram vôos de cerca de 1 hora sobre a mata, pousando em pistas curtas abertas em clareiras nas proximidades de minas de cassiterita. No final daquela temporada, após as decolagens, o Cmt DeMarco abandonava seu posto e ia sentar-se junto dos demais passageiros, que arregalavam os olhos desconfiados por ele deixar o comando a um jovem que mal tinha barba no rosto. Antes de deixar Porto Velho, consegui uma autorização para efetuar 2 voos sem passageiros no Azteca. Vôo de instrução, com manobras de “stall”, vários pousos e simulações de emergências. De volta a São Paulo, continuei na busca por horas de vôo, instrução e experiência, me preparando para obter a licença de Piloto Comercial e vôo por instrumento, o que iria ocorrer no ano seguinte, em 84, quando a Varig passou a ser uma possibilidade.

4 comentários:

  1. Alsc na primeira, Suca na 2a. e Isa na 3a.?
    lembro bem desse dia "do luxo ao lixo", foi bem divertido. também me lembro de outras vezes que fui voar com vc. mas que dormia logo após a decolagem... Psicológico?

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  2. Bom dia Cmte!
    Encontrei seu blog por acaso... Comecei a ler e não consegui parar. Muito bom!
    Fiquei surpreso quando vi que já voou em minha terra natal, PVH, a bastante tempo.

    Detalhe: Tava estudando Meteoro qnd comecei a ler, agora são 03:50hl da manha.

    Abraços!

    Higor Iuri

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  3. Blz Hilgor, que bom que vc está gostando. Mas veja, dormir é fundamental, não fique varando a madrugada no PC. Bons tempos em PVH, por do sol no Madeira, cervejinha e voo sobre a mata. Abç Roberto

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