Uma das coisas legais de sair para voar é curtir os comes e bebes nas escalas em que pousamos. Já em 85/86, quando voava o Bandeirante pelo interior do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aproveitávamos certas escalas, quando ficávamos mais de 30 minutos parados, para tomar um
chimarrão e bater papo com o operador da rádio, que fazia as comunicações com os aviões. Mais tarde, na Ponte Aérea, na época do Electra, a cada escala, seja no Santos Dumont, seja em
Congonhas,
dávamos uma passeada. O tempo no solo entre um voo e outro era grande, de 45 a 60 minutos, então o Comandante do voo e eu sempre saíamos para um
cafezinho, ver as moças no
saguão, ou mesmo dar um pulo nos escritórios da companhia para resolver uma
pendência. Aliás, uma das coisas boas de voar na Ponte Aérea (pelo menos antigamente, pois hoje em dia o tempo de solo é, de um modo geral,muito curto) é que no mesmo dia em que você trabalha, era possível, nestes
intervalinhos, resolver assuntos. Dar um pulo do departamento pessoal, emitir uma passagem, passar no
setor de uniformes, ir ao banco.
Em 88 e 89, passei a pilotar o
Airbus (A-300,
projeto da década de 70, sem a
atual parafernália eletrônica das novas aeronaves
Airbus)e os comes e bebes ganharam novos horizontes. Em Salvador comer um
acarajé e beber água de
côco na Baiana em frente o aeroporto era quase uma obrigação que até hoje cumpro sempre que possível. Em São
Luiz do Maranhão não dava para escapar quando um certo Comandante me convidava para beber (e pagar para ele, pois se tinha
alguém pão duro, este alguém era ele) o famoso
Guaraná Jesus! Mistura de
Tubaína com suco de uva, com uma tonalidade rosa,
na verdade não era muito gostoso, mas valia pelo passeio. É bom
frisar que alguns aviões, como o Electra e
o Airbus A-300
possuiam o Engenheiro de Voo, ou
Mecânico de Voo, que ficava na cabine cuidando de tudo. Em Belém do Pará, além dos
bombons de cupuaçú (eu não aprecio, mas trazia para casa, pois minha mulher gosta) tem um sorvete de tapioca que é uma delícia. Em
Aracajú tem um
biscoito sequilho, com formato de castanha de
cajú que é muito bom. Em
Manaus, para compensar o calor, vale a pena descer do avião para comprar um
milk-shake do
Bob's. Em Rio Branco, no Acre, nem precisávamos descer, pois embarcava para a tripulação uma dupla que era uma delícia: Um bolinho de
aipim e um
quibe. Esta dupla frequentemente era levada para o hotel de pernoite, e após aquecer, virava uma bela refeição. Costumamos dizer que vamos comer no restaurante
Abajur, ou no
Arandela! Embrulha-se o sanduiche, bolinho de
aipim ou o que for no
papel alumínio e deixa aquecendo junto à
lãmpada. Fica perfeito. Economia, conveniência e aproveitamento dos recursos disponíveis. Em
Goiãnia tem uma
pamonha, que pode ser doce ou salgada, que também faz muito sucesso. Em Recife havia uma
barraquinha de frutas em frente ao aeroporto onde valia a pena comprar abacaxi, que era descascado na hora, manga e fruta do conde.
Em Ilhéus, fazíamos um esquema interessante, onde quando estávamos a 5 minutos para o pouso, entrávamos em
contato com a empresa no aeroporto e pedíamos para alguém atravessar a rua e encomendar os pasteis e caldo de cana para a tripulação, depois era só descer, pagar e pegar a encomenda. E finalmente havia um voo onde um dia fazia escala em
Uberaba e no outro em
Uberlãndia, e quando abastecíamos de
querosene o avião (sempre tinha abastecimento) a Shell presenteava o comandante e o
co-piloto com um belo pedaço de queijo para cada um (
Uberaba) ou um pote de doce de leite (
Uberlãndia). Assim, entre um picolé em
Cuiabá e uma rapadura em
Teresina, as viagens passavam mais rápidas e divertidas.
No aeroporto de Belém não tem barraquina de tacacá? Eu adoraria esses passeios gastronômicos.
ResponderExcluirDecididamente, preciso mudar meus sentimentos em relação ao seu trabalho.Sempre foi "ah, coitado do meu filho, voando tanto, uma vida muito louca e estressante, na certa chega em casa sempre exausto, magrinho...."
ResponderExcluirQue nada! Êta vidão!!!!