Voos vazios ou, como costumamos dizer, voos “batendo lata”, não são comuns, mas às vezes acontecem. São Paulo para Brasília, numa quinta feira à noite, costuma ser vazio, assim como Rio de Janeiro para Porto Alegre na sexta feira de carnaval. Quando está muito vazio, a empresa aérea tenta cancelar o voo e acomodar os passageiros no próximo. Isso era muito comum na Ponte Aérea, especialmente em dias de baixo movimento, tais como sextas ou segundas feiras enforcadas por conta de feriados. Há ocasiões em que as empresas precisam transladar um avião de um aeroporto a outro. Nestes vôos, o avião vai absolutamente vazio, com apenas os pilotos e o combustível necessário.
Voar com poucos passageiros de vez em quando é o sonho dos comissários de bordo, sendo que alguns (minha mulher inclusive) se dizem devotos de “Nossa Senhora do Voo Vazio! Outro que adora um voo batendo lata é o passageiro. Para os pilotos não muda muito, embora um avião cheio, e portanto, pesado, seja muito mais gostoso de pilotar e fácil de pousar. O avião leve, quando na aproximação para o pouso, requer pouca potência, e se houver uma leve brisa de cauda, se comporta como um grande planador, relutante em reduzir a velocidade para o pouso.
Há uns anos atrás, voando o B-737-300 de Curitiba para Congonhas no horário da oito da noite, os passageiros embarcados foram apenas três! Isso mesmo, três num avião com capacidade para 134 passageiros. Isso dá uma média de 44,6 assentos por passageiros! Dois anos depois, no período em que a Varig estava em processo de retomada das linhas internacionais, foi a vez do B-767 voar batendo lata. Era o segundo ou terceiro dia da reinauguração do voo para o México e novamente o número de passageiros embarcados em São Paulo foi de... três! Uma média de 78,3 assentos por passageiro, sendo que desta vez, nem os comissários acharam bom, pois nos pareceu que algo estava errado. Eles bem sabem que, afinal de contas, são os passageiros que sustentam as empresas aéreas, e que sem eles, é melhor procurar um plano “B”. Este foi um recorde na relação assento/passageiro.
Recentemente eu voei de Confins/Belo Horizonte para Congonhas, quando atingi um novo recorde pessoal em termos voo batendo lata. Houve um atraso de uma hora e meia na nossa chegada em Belo Horizonte, pois um forte nevoeiro em Porto Alegre naquela manhã impediu nossa decolagem em direção à capital mineira. Os passageiros que deveriam embarcar em Confins foram acomodados em um outro voo e os que não couberam, ficaram aguardando para seguir posteriormente. Procuramos fazer uma escala rápida, liberando o embarque tão logo os últimos passageiros que estavam à bordo desembarcaram. O número de passageiros? Dois! Num avião para 144 passageiros! O voo só não foi cancelado porque o avião era necessário em Congonhas, onde após o pouso, seguiu lotado para Salvador.
Dizem que isso é um enorme prejuízo para as empresas aéreas. Eu diria que prejuízo ocorre quando há um acidente ou incidente aéreo, e que voar vazio ocasionalmente está inserido no custo operacional.
Sessão de Sábado: Filme "Resgate nas Alturas" (dublado e legendado)
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Os planos do agente especial Ross de se reconciliar com sua noiva vão por
água abaixo quando o avião particular, em que ela e seu novo patrão estão,
é al...
Há 6 horas
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ResponderExcluirUal Carvalho, imagina o lucro perdido em um voo que cabe 144 PAX com apenas 2 abordo as cias devem ficar muito frustradas. E o do 767 inacreditavel.
ResponderExcluirAgora realmente deve ser impressionante o fator do vento com o avião leve quando se esta na comando da máquina, em 2012 inicio meu PP (é ta longe eu sei) mas há pouco tempo atras em um voo pela GOL de Porto Alegre para Congonhas havia pouco mais de 30 pessoas abordo do NG e mesmo como passageiro dava pra ver pelo movimento dos Ailerons a luta dos comandantes para manter a maquina segura até o solo com um tempo que não estava nada agradavel.
Enfim parabéns pelo blog!
Já peguei um vôo meio vazio na TAM de madrugada, mas não tão vazio assim, havia uns 30 passageiros no A320. Achei ótimo o vôo, silêncio, espaço, eu estava com os 3 assentos só pra mim, deu até pra deitar, tirei os sapatos e relaxei. Que maravilha. Aproveitei, peguei meu casaco e fiz de cobertor, e uma muda de roupa limpa que levo na bagagem de mão como backup, virou travesseiro.
ResponderExcluirMeu melhor voo vazio foi um da KLM em 2008 entre Amsterda - SP
ResponderExcluirFoi otimo, o 772 tinha umas 80 pessoas!
Deu pra pegar 3 poltronas pra mim e dormir quase a viagem toda!
Prezado Comandante Beto Carvalho: peço sua autorização para republicar o Texto Nossa Senhora do Voo Vazio em meu blog http://taiada-blog.blogspot.com
ResponderExcluirMeus parabéns por suas brilhantes postagens. Vou ficando freguês, ok?
No aguardo.
Abraços
Beto,
ResponderExcluirMuitas vezes vôo vazio não significa prejuízo certo? Pq muitas vezes a carga embarcada paga o vôo não é?!
Cmte, muito boa noite!
ResponderExcluirHa alguns meses atrás entrei em contato com o senhor sobre a entrevista lá, mas até agora não deu muito certo devido a um "negócinho" chamado TEMPO.
Mas minha pergunta é a seguinte, suponhamos que um desses 2 passageiros fossem 2 entusiastas pela aviação, dois Pilotos (PP) ou até mesmo 2 que certamente vão ser Pilotos, se eles pedem ao senhor, acompanhar o vôo no JumpSeat, qual seria a resposta que o senhor daria aos 2?
Se me permite novamente, qual sua opinião sobre levar Pilotos no JumpSeat? Pilotos esses que não fazem parte da CIA, e são Por exemplo, PC ou até mesmo PP? O senhor autoriza voar lá?
Cmte, muito obrigado novamente por postar mais informações sobre a vida na Aviação, muito obrigado mesmo!
Eduardo
Boa noite cmte Beto,
ResponderExcluirParabéns pelo blog, desde a semana passada durantes minhas folgas fiz questão de ler todas as estórias, à partir de então, a cada dia dou uma olhada no blog a fim de ocupar parte do meu tempo com uma ótima leitura. Admiro sua determinação e carreira; espero em breve fazer parte de sua tripulação.
Grande abraço!
Comigo como pax não me recordo ao certo o ano, mas foi no início da década de 90. A TBA tinha recém adquirido um 767-300, então vim de GRU para FOZ nele, era, segundo a comissária o 2o voo do avião, estava reluzindo de tão novo e embarcamos ao todo em 16 pax!!
ResponderExcluirComo sempre adorei viajar e continuo viajando na janela que fica um pouco atrás da asa, para ver a moovimentação dos flaps e speed brake, acabei me esquecendo que poderia ter viajado na primeira classe...que vacilo! hehehehe
Abraço cmte.
J.Brito
Foz
Caro Jcflores, pode publicar meu texto no seu Blog sem problemas. Vou acompanhar suas postagens.
ResponderExcluirCaro Anônimo, realmente com os porões repletos de carga já é possível ter lucro, ou pelo menos ter o custo do voo pago. No MD-ii, era comum voarmos com muita carga, e isso pagava o custo do voo deixando a receita gerada pelas passagens como lucro do voo.
Caro Eduardo, sempre que me perguntarem se eu levaria ou se eu levo ou se eu posso levar algum passageiro na cabine, independente de quem seja, mesmo que seja piloto, eu só posso ter uma resposta, especialmente se esta resposta for "aberta". Tenho que dizer que não, pois a legislação da ANAC e da empresa não permite. Gostaria de dizer diferente, mas não posso.
Caro Cestaro, que bom que vc esteja gostando.
ATENÇÃO! Hoje fiquei sabendo que a Gol está aceitando currículo para seleção de co-pilotos. Requisitos: Max de 35 anos de idade; Preferencialmente com curso superior em qualquer área; 1.000 hs de voo se com curso sup., ou 1.500 hs sem curso superior ; inglês ICAO nível 4.
Abraço a todos, Roberto.
Caro Beto Carvalho,
ResponderExcluirVi num de seus posts que você planeja criar um livro. Se ainda estiver com a intenção, me envie um e-mail para conversarmos a respeito. pr.cestaro@gmail.com
Abs,
Cmte. Beto, três dúvidas a respeito da decolagem no Aeroporto Santos Dumont:
ResponderExcluir1) O 737-700 decola do Santos Dumont com lotação máxima?
2) Qual configuração de flap se usa pra decolar de lá?
3) Sempre se decola com packs off e bleeds off ou apenas packs off?
Caro Rodrigo, foi em agosto de 2003 quando eu voei pela última vez na Ponte Aérea. Na época o voo era feito com o 737-300, mas acredito que a performance e portanto os procedimentos adotados em relação ao 700 não sejam diferentes. Decolávamos com flape 15 e lotação máxima sem dificuldades. O que ocorre é que com lotação máxima, na maioria das vezes, o que limita o peso de decolagem não era a performance para decolagem, mas sim em fução do peso máximo de pouso em Congonhas. Se decolar de SDU no peso máximo de performance, ao chegar em Congonhas estaremos acima do peso máximo de pouso. Geralmente as decolagens são feitas com "bleeds on", mas pode haver ocasiões em que a temperatura está muito elevada e a pressão atmosférica baixa, o que causa uma deterioração na performance. Nestes dias é comum a decolagem ser "bleeds off". O comando das "packs" ficam na posião "auto" e vão operar em função das bleed. Assim com as packs em auto, porém bleeds off, elas só vão operar quando a bleed for comandada para on. É bom lembrar que se o APU está disponível, embora as bleeds dos motores estejam em off para as decolagens em dias muito quentes/pressão baixa e peso máximo, a pack esquerda vai operar usando o ar proveniente do APU. Deu para entender?
ResponderExcluirAbç, Roberto.
Com relação aos voos vazius eu percebi numa manhã em conconhas nos primeiros voos é que chegavam muitas aeronaves vazias, o bacana de se ver é que elas paravam logo após o tocar o solo e logo livravam a ativa..
ResponderExcluirComandante o sr já deu uma olhadinha no meu mcp e fmc de como esta ficando?
http://projeto737ng.blogspot.com/
Poxa, fico muito agradecido pelo sr. ter respondido minha pergunta. Deu pra entender sim.
ResponderExcluirSeu blog é realmente muito bom, nota 10, além das postagens excelentes, ainda tem esse feed-back nos comentários. Parabéns, só elogios.