segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Do ar ao mar: as ondas, o surf, Ubatuba e o meu irmão.

Minha sogra me deu um livro de Natal que eu adorei, chama-se "A Onda". Escrito por Susan Casey, uma jornalista norte americana, o livro é sobre as grandes ondas. As que afundam navios e derrubam plataformas de petróleo, as ondas causadas por tsunamis, tempestades e outros fenômenos naturais e principalmente sobre as grandes ondas do surf. Ondas de 20 e até 30 metros de altura!  Susan Casey se juntou a um grupo de surfistas, com destaque para o havaiano Laird Hamilton, para contar sobre este fantástico esporte que é também uma aventura perigosíssima quando as ondas são verdadeiras muralhas d’água. Adorei o livro!


Até consigo pegar umas ondas, mas definitivamente não sou um surfista, pois no final das contas, as ondas me pegam mais do que consigo surfá-las. Na minha infância, junto com meu irmão mais velho, tínhamos pranchas de isopor e nos divertíamos muito na praia de Pitangueiras, no Guarujá. Lembro que para não ficarmos com a barriga assada de tanto roçar no isopor, minha avó forrava as pranchinhas com tecido.  Meu irmão evoluiu e com 12 anos já tinha uma prancha de surf e com facilidade “varava” a arrebentação para pegar as grandes ondas. Talvez as ondas não fossem tão grandes assim, mas para mim, com 11 anos, elas eram enormes.

Mais tarde, quando por sete anos frequentei as praias de Ubatuba na minha adolescência, sempre que podia eu acompanhava meu irmão e seus amigos que iam surfar. Pranchas no “rack” do carro, Stanley Jordan no toca fitas, cuidado na passagem do posto da polícia rodoviária, e seguíamos para a praia de Itamambuca ou para a praia do Felix. Como eu nunca fui um surfista, eu tinha que pegar uma prancha emprestada e enquanto meu irmão já tinha surfado algumas ondas, eu ainda estava lutando para chegar ao fundo. Quando lá, eu só queria sentar na prancha e descansar.  Em vez de ir nas ondas, eu ficava fugindo delas, até que vinha uma sequência de ondas grandes e uma delas acabava me pegando. Novamente eu tinha que remar para chegar ao fundo. Ao voltar para casa, o pessoal contava das várias ondas, tubos, “dropadas” e “cut-backs”, além dos tombos e caldos, é claro. Eu provavelmente tinha pegado uma ou duas ondas no máximo, mas tinha feito meu exercício e me divertido à beça.

Meu irmão, hoje com 47 anos, mora em Itamambuca, que é uma das mais belas praias de Ubatuba. Ele não apenas continua surfando como também fabrica pranchas. Se tornou um especialista na fabricação de pranchas de madeira, e possui uma verdadeira coleção delas em sua casa. Pequenas, médias e grandes. As de madeira são tão bonitas que parecem objetos de arte. Uma das especialidades dele é o “stand-up paddle surf”, onde sobre pranchas dois metros e meio a três, e munido de um grande remo, passa o tempo inteiro em pé na prancha. Não há aquele esquema de deitar na prancha e remar com as mãos, até porque, a prancha de stand-up é tão larga que para isso seria necessário braços muito compridos. Ele diz que o stand-up surf é fácil de praticar, e realmente parece, mas só parece.

Tem um ano que ele e sua mulher transformaram a casa onde moram em uma pousada. A apenas 400 metros da praia, possui nove suítes em que eles recebem de uma maneira toda especial. Por ser uma extensão da casa deles, fica-se muito à vontade e os hospedes acabam se entrosando já que só há uma televisão (a da sala de estar da casa), o café da manhã é servido na sala ou no terraço. Não há um hospede que não chegue com um “engradado” de cerveja para deixar gelando na geladeira da cozinha. Um dos atrativos por lá é a noite da pizza em que o casal prepara altas “redondas” para a galera. De sobremesa uma pizza doce, tudo isso acompanhado de um bate papo ou uma música quando alguém leva um violão.

O que é mais gostoso por lá, e que faz toda a diferença em relação às outras pousadas, é a presença do casal e do filho deles. Meu irmão, o Kiko, é um cara muito legal, não há quem não goste dele. Um cara simples, bom de papo, de boa índole e sempre pronto para ajudar as pessoas. A mulher dele, Fátima, também é ótima. Além de “dona da pensão” ela também é paisagista e entende tudo de plantas e jardinagem. Há também meu sobrinho, que com sete anos é um fofo e finalmente o cachorro,  Barú, que é quase um membro da família. Tranquilo, da paz!

Com minha mulher e filhos, estivemos em Ubatuba neste último fim de semana e foi ótimo!  Praia, sol, surf, um verdadeiro descanso. Eu recomendo!

  • Link para as grandes ondas 



                                                                                                                                 

5 comentários:

  1. Muito bom! Sou surfista também , para mim o surf e a aviação são minhas duas grandes paixões!! Sempre senti isso. Vendo que isso tambem esteve presente na sua vida me identifiquei logo!! Não sou aviador e as vezes penso se a sensação de dropar Aquela onda é a mesma de puxar o manche no rotate pela primeira vez.

    Bons voos Cmdt! Quem sabe um dia irei la em Itamambuca

    Paulo - João Pessoa

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  2. Adorei o seu relato. As pranchas do Kiko também podem ser vistas no Mango Creperia, ao lado da igrejinha de Itamambuca.
    Você tem toda razão: o casal é anfitrião, a pizza é muito boa, o Baru é querido e o Di é tudo!
    Bjs e saudades da family, que não veio nos visitar nesta temporada em Itamambuca :(
    Regina, corretora da EAB Imóveis, redatora do INgforme, voluntária do PGA, professora da Cooperativa Educacional de Ubatuba.

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  3. Dois irmãos e dois destinos bem diferentes. Mas ambos trabalham com duas grandes paixões de muita gente. É necessário muito amor ao que se faz e também ter talento, pra levar a coisa tão a sério e ser bem sucedido. Tanto a aviação, quanto o surf, são carreiras muito difíceis, mas creio que muito gratificantes.

    Bons vôos e até o próximo post!

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  4. São muito bonitas as pranchas.

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