Aeroportos grandes são fantásticos! Heathrow, Schiphol, Charles de Gaulle e JFK são alguns destes aeroportos. São enormes com vários terminais, múltiplas pistas e taxiways com chegadas e saídas de aviões para o mundo inteiro. Estes aeroportos, ainda que sejam afastados dos centros urbanos, possuem procedimentos específicos de “noise abatement”, ou seja, redução de ruídos, para que as aeronaves executem nas chegadas e principalmente nas saídas. A menos que ocorra uma pane após a decolagem que comprometa a performance do avião, os procedimentos de subida devem ser rigorosamente cumpridos. Ângulos ou razões de subida, altitudes específicas para redução de potência e curvas em pontos precisos devem ser realizadas pelos pilotos. Muitos destes aeroportos possuem sensores de ruídos espalhados nas proximidades, sob a trajetória dos procedimentos de subida. Um pequeno descuido dos pilotos quanto à execução do “noise abatement” pode ser detectado pelos “pick-ups” de ruído, e em poucos dias a notificação da ocorrência será enviada a empresa aérea que devera informar o ocorrido. Caso não tenha havido uma pane que possa justificar um abandono do procedimento de atenuação de ruídos, a empresa recebe uma multa.
Assegurar que nenhum pick-up de ruído será “estourado” não é difícil, basta inserir nos computadores de bordo e conferir cuidadosamente os dados do procedimento de subida a ser executada após a decolagem. Efetuar um bom briefing e após a decolagem executar a parte mais importante: ligar o piloto automático e apertar os botões corretos, ou seja, LNAV e VNAV, para que a navegação Lateral e Vertical seja seguida!
Certa vez, decolando de Madri no B-767, o comandante do voo (eu era o cmt mais novo e estava sentado no jump-seat, que é o assento extra na cabine) ligou o piloto automático, mas não no modo correto e a curva imediata a direita foi iniciada com um pequeno atraso. Não deu outra, e duas semanas após, recebi uma solicitação da chefia para relatar o ocorrido.
Aeroportos grandes são legais, mas o que eu gosto mesmo é dos pequenos, apertados e encravados nas regiões centrais das cidades. Congonhas e Santos Dumont são dois clássicos que eu sempre adorei pousar e decolar. Outro aeroporto que é especial, mas que atualmente as grandes empresas não estão podendo operar, é o aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte. Junto à lagoa da Pampulha, dentro na cidade, é uma “mão na roda” para os passageiros e para os tripulantes quando em programação de pernoite. Na aproximação final para pouso, voamos baixo sobre a lagoa e mais baixo ainda sobre a avenida próxima à cabeceira da pista. O pátio de estacionamento é pequeno e o saguão de passageiros fica a poucos metros da escada do avião. Não há pontes de embarque e os pousos e decolagens acontecem muito próximos das aeronaves ali estacionadas.
Já em Buenos Aires, depois de décadas operando no aeroporto de Ezeiza, que fica afastado do centro da cidade, as empresas receberam autorização para utilizar o Aeroporto Internacional Jorge Newbery, mais conhecido por Aeroparque. É o “Congonhas de Buenos Aires”, beirando o Rio da Prata e ao lado de Palermo, que é um bairro nobre da capital Portenha. A cinco ou dez minutos da região da Avenida Nove de Julho, Porto Madero e Recoleta, chegar e sair pelo Aeroparque facilita muito a vida dos passageiros.
Há um detalhe que faz com que o Aeroparque seja especial. É que Congonhas está localizado num platô, e por isso a pista fica acima das ruas e prédios da região. Já na Pampulha, a área de sobrevoo quando na aproximação para pouso não é o que se pode chamar de uma região bonita. No Santos Dumont, quando voamos baixinho próximo à pista, estamos sobre o mar. Agora, na chegada ao Aeroparque há o sobrevoo de uma área muito bacana de Buenos Aires, além disso, a pista está situada ao nível do mar, ou ao nível do rio, a pouquíssimos metros das avenidas e edificações. Uma chegada espetacular, que se pudesse, puxava o freio de mão para poder admirar melhor o visual da cidade.
Após o pouso há mais um aspecto que eu gosto muito, que é taxiar até o local de estacionamento. Lá, as taxiways e pátios são extremamente apertados e movimentados. A asa de um avião pode passar a apenas quatro metros de outro avião, o que é muito pouco. Há posições de estacionamento em que a calçada junto à avenida está a poucos passos do avião. Carros passando, pedestres caminhando, árvores próximas e o Rio da Prata logo ali.
Ao término do desembarque dos passageiros, costuma haver tempo suficiente para que os tripulantes dêem uma passada no freeshop do aeroporto, que dependendo da posição de parada, fica a menos de 2 minutos de caminhada. Além disso, ao contrário de alguns aeroportos aqui no Brasil, lá no Aeroparque os tripulantes não são vistos com desconfiança pelo pessoal da segurança e da administração aeroportuária. De uniforme e crachá, caminhamos pelo pátio, acessamos o saguão de embarque, compramos um vinho ou qualquer outra coisa e regressamos ao avião na maior tranquilidade.
Aeroparque 4Ever!
Não sabia desses Pick-ups de ruído... Que rigor
ResponderExcluirNo aguardo do vídeo cmte.
Abraço e ótimos voos
N sabia desses pick-ups [2],
ResponderExcluirInteressante.
Bons voos cmte.
Verdade captain, a aproximação na Pampulha é das mais interessantes. Morei ali em Lagoa Santa durante um bom tempo, e , quando ia a BH de noite, de carro com meu pai, sempre pedia para parar ali e ficar observando a pista. O problema é que por ali é um lugar com um aroma não muito agradável, apesar da vista fantástica.
ResponderExcluirEis que, anos e anos depois estava ali pousando naquela pista....
Santos Dumont na 02, de manhãzinha, CAVOK, é espetacular.....inigualável.
Também não sabia desses parâmetros dos pick-ups (3)
Abraços!
Verdade Thiago, há alguns anos atrás ir ao mirante do aeroporto era um programa dos mais concorridos dos Belo-horizontinos nos finais de semana. Várias vezes eu não achei uma vaga para estacionar o carro. Tinha até infraestrutura com vendedores ambulantes (água, picolé, algodão doce, cachorro-quente e uma pamonha maravilhosa). Havia também uma área para as crianças brincarem e andar de bicicleta.
ResponderExcluirDia desses passando por lá resolvi dar uma paradinha para matar saudade e presenciei o pouso de um ATR, muito bonito! Apesar do cheiro insuportável que vem da lagoa.
Vejam esse vídeo de um 737-300 em um pouso noturno na Pampulha em 2001.
http://www.youtube.com/watch?v=u6tci1SmmXs
Abraços
Beto, depois de tantos anos me preocupando com os riscos da profissão que vc. elegeu, depois de muitas horas olhando para o céu para ver se o tempo estava bom para meu filho aterrissar ou decolar, depois de muitos "cabelos brancos", mudei de idéia: êta vida boa a sua! lugares lindos, vistas maravilhosas, colegas legais, algumas adrenalinas, nada da rotina sufocante dos pobres mortais terrestres e, para completar, a volta pra casa e pro aconchêgo.
ResponderExcluirBeijos
Isa
Gostei Comandante!!!
ResponderExcluirOlá Comandante,
ResponderExcluirQue visual maravilhoso, não percebi aqueles "solavancos" que eu vejo no youtube quando o avião toca a pista, parece que foi bem suave.
A parte escura no início da pista parece ser borracha de pneu, se estou certo quando está chovendo a pista fica escorregadia?
Qual o nome deste tango?
Obrigado por me proporcionar a sensação de estar chegando em Buenos Aires.
Abraços
AEP deve ser mto bom mesmo, algum dia quero conhecer la!
ResponderExcluirQue belezas são esses posts com vídeo. Se a imagem fosse um pouco melhor, ficaria perfeito. Mas já é um grande passo, quem sabe daqui a algum tempo teremos vídeos em HD aqui. Parabens comandante, um abraço.
ResponderExcluirParabens Comandante o Sr. alem de descrever maravilhosamente os fatos agora esta se especializando em belos videos e com muito bom gosto para trilha sonora,esta saída com curva a esquerda acompanhada deste belo tango foi nota 1000!!!!!!!!!!
ResponderExcluirExcelentes posts!!! Aproveitando, o sr. sabe algo sobre SESM - RIO AMAZONAS - localizado no Equador? Eu usava muito o Flight Simulator e "decolei" algumas vezes de lá. Difícil pacas!!!
ResponderExcluirGrande abraço,
Cesar Baradel
Amparo-SP.
Roberto, obrigado pelas informações dadas sobre radar/GPS no post anterior! O radar q eu disse era isso aki (http://img132.imageshack.us/i/radarougps.jpg/), acho q confundi...
ResponderExcluirSó uma coisa Cmt q só notei agora "tranqüilidade", trema "¨" não existe mais na língua portuguesa.
ResponderExcluirCaro Walter, nem sei o nome dos tangos, mas deve ser Carlos Gardel. De fato a parte escura são marcas de pneus, e realmente esta área pode se tornar escorregadia quando molhada, ocasiões em que os pilotos devem redobrar a atenção no pouso.
ResponderExcluirCaro Cesar, não tenho a menor idéia do que é SESM!
Caro Lucas, efetuei a devida correção retirando o trema. Preciso adquirir um dicionário com a nova gramática com urgência.
Abçs, Roberto.
Grande Carvalhinho,
ResponderExcluirSESM é o indicativo de localidade para o Aeroporto de Rio Amazonas, no Equador (sem trema!), cuja pista tem 1.540 metros de comprimento e está situada a 3.465 pés de altura.
Quanto à Nova Ortografia, acho que o guia da Melhoramentos pode ajudar. Você pode fazer o download pelo seguinte link:
http://www.livrariamelhoramentos.com.br/Guia_Reforma_Ortografica_Melhoramentos.pdf
Contudo, você pode ficar tranqüilo (ou tranquilo, se preferir), pois ambas as formas permanecem válidas até dezembro de 2012.
Por fim, falando de aeroportos pequenos e aconchegantes, não posso me esquecer de Porto Trombetas. Ainda tem emprêsa regular voando para lá?
Um grande abraço do leitor assíduo,
Moraes
Deis do começo do meu pp eu decolo e pouso no SDU com o C172 da escola e digo que sempre fico maravilhado... creio que mesmo quando eu entrar para a linha aérea ficarei sempre maravilhado ao me aproximar do SDU além de ser lindo é minha casa tb.
ResponderExcluirAbraços Cmte, belo post.
Parabens pelo seu trabalho Beto !
ResponderExcluirEEEExelente!!
ResponderExcluirEssa camera fixada no cockpit ficou show!
Aguardandio pelo próximo post já!