As empresas aéreas, ao fecharem contrato de hospedagem dos tripulantes com os hotéis, incluem o serviço de lavanderia para uma peça de roupa por tripulante. Isto é ótimo, para não dizer essencial, principalmente para aquelas programações de cinco dias voando pelo Brasil. Assim, sair para voar com apenas uma camisa de voo é suficiente, embora os mais previdentes sempre carreguem uma extra na mala. Essa precaução é bem vinda, especialmente nos casos dos comissários(as) cujos uniformes estão mais expostos a “acidentes” durante o trabalho.
Ao entrar no apartamento uma das primeiras providências é preencher o “rol de lavanderia” e deixar a camisa (vestido, calça, ou qualquer outra peça do uniforme) do lado de fora do apartamento. Confusões e enganos ocorrem de vez em quando e pode acontecer de, ao se arrumar para um voo, descobrir que a camisa que o serviço de lavanderia devolveu não é a sua! Um número maior ou menor, ou ainda da mesma numeração, mas que não era a sua. Nestes casos, é um “tal” de tentar localizar o outro tripulante que também recebeu uma camisa errada por engano. Outra coisa chata que acontece é que muitas vezes estamos no melhor do sono quando somos acordados para receber a tal camisa de voo.
Na época da velha Varig tínhamos direito a dois refrigerantes ou garrafinhas de água por diária, hoje em dia é só uma garrafinha de água e ponto final! Alguns hotéis dão um “vale drink”, que vale mais pela capacidade de agregar os tripulantes que pela bebida em si. Em Recife, nos “velhos tempos”, era uma delícia encontrar os colegas que se reuniam para tomar uma caipirinha antes de saírem para jantar.
Um dos hotéis que sempre se esmerou no atendimento é a rede Meliá. Em Madri era quase obrigatório tomar uma taça de vinho ou de cerveja no lobby do hotel antes de sair para passear pela cidade. Em Londres os comandantes podiam desfrutar de um buffet que funcionava o dia inteiro e servia bebidas, canapés variados, salmão, queijos e outros petiscos. Havia colegas que passavam dias em Londres só se alimentando neste buffet, e assim não gastavam um tostão com comida. Em Caracas os pilotos ficam em apartamentos “superiores” onde encontram, a título de boas vindas, um balde com duas garrafinhas de cerveja no gelo e uma bandeja com torradas, queijos, presunto de Parma e salmão. Uma delícia.
Uma das coisas que os tripulantes mais prezam nos hotéis é o café da manhã. Come-se muito, até porque, geralmente depois do café da manhã o tripulante quer fazer apenas uma refeição por dia, ou o almoço ou o jantar. É o famoso “almojantar”. Por isso, quanto mais tarde o café da manhã for encerrado, melhor será. Comemos muito mais que pães, frutas, e cereais nos hotéis. Comemos nos hotéis o que jamais comeríamos em nossas próprias casas: ovos mexidos, omeletes, tapiocas, queijos na chapa, carne seca, salmão, salsichas, linguiças, bacon e até arroz com feijão eu já andei comendo por aí!
Na época em que eu voava Airbus , o café da manhã do hotel em Fortaleza era uma verdadeira festa; eram várias tripulações que se reuniam diariamente no restaurante do hotel. Outro café da manhã que era concorrido, era o oferecido pelo Hotel Tropical em Manaus. Diariamente, dezenas de tripulantes esticavam o bate papo até não dar mais. Em Manaus, nos meses em que há horário de verão no Brasil, o café da manhã vai até o meio dia, horário de Brasília, o que é uma mão na roda para aqueles tripulantes que chegam de voo muito tarde. Antigamente alguns hotéis ofereciam, sem custo adicional para o tripulante, o café da manhã servido no apartamento até as onze da manhã para os que chegassem na madrugada, assim podíamos dormir até um pouco mais tarde.
Outro café da manhã antológico era no Hotel Nacional em Brasília. O salão ficava repleto de políticos, os garçons eram da época da inauguração da cidade, assim como eram os talheres de prata, os bules e açucareiros. E os pães de queijo estavam sempre quentinhos.
Nos voos com pernoite nos EUA e Europa, em função da diferença de fuso horário, nem sempre o café da manhã estava incluso na diária. Nestes casos recebíamos uma quantia em dinheiro para nos alimentarmos pela manhã. Em Miami, comer torradas com ovos fritos no “Cubano” era o costume entre os tripulantes e em Frankfurt, comer um Bratwurst (cachorro quente) com muita mostarda era fantástico.
De um modo geral, os tripulantes são bem tratados nos hotéis em que são hospedados. Há desconto nos restaurantes, internet sem custo e outras regalias. Mas há também ocasiões em que parece que somos tratados como um hóspede de segunda classe. Talvez por estar a serviço o tripulante se comporta como um turista acidental e por isso raramente deixa gorjeta para os funcionários.
É comum o pessoal do hotel perguntar se somos hóspedes ou tripulantes! Ora, tripulante não é um hóspede? Um colega nosso, ao ouvir esta pergunta, a respondeu com outra pergunta: Por acaso o hotel voa?- Como assim? perguntou o funcionário da recepção. Ora – explicou o colega – se hotel voa, então eu sou um tripulante, mas se hotel não voa, neste caso eu sou um hóspede!
Na época em que eu voava Airbus , o café da manhã do hotel em Fortaleza era uma verdadeira festa; eram várias tripulações que se reuniam diariamente no restaurante do hotel. Outro café da manhã que era concorrido, era o oferecido pelo Hotel Tropical em Manaus. Diariamente, dezenas de tripulantes esticavam o bate papo até não dar mais. Em Manaus, nos meses em que há horário de verão no Brasil, o café da manhã vai até o meio dia, horário de Brasília, o que é uma mão na roda para aqueles tripulantes que chegam de voo muito tarde. Antigamente alguns hotéis ofereciam, sem custo adicional para o tripulante, o café da manhã servido no apartamento até as onze da manhã para os que chegassem na madrugada, assim podíamos dormir até um pouco mais tarde.
Olá Cmte. Sou leitor assíduo do blog há um bom tempo. Trabalho na GOL em BSB, por enquanto como agente de aeroporto (estou aguardando a hora de ir para o grupo de voo, como comissário). Sou despachante de voo. Possivelmente já despachei voos do Sr. no comando. Seria um prazer encontrá-lo em um desses embarques.
ResponderExcluirUm forte abraço e parabéns pelo blog.
CAraca tripulantes ainda se hospedam no Hotel Nacional em Brasilia?
ResponderExcluirMuito bom o texto Cmte. Melhor ainda foi a resposta do seu colega sobre ser tripulante ou hóspede.
ResponderExcluirAbraço!
Fábio Miguel
Mais uma excelente postagem :) Dou uma olhada quase todos os dias no seu blog pra ver se tem coisa nova Cmte. É fascinante pra quem trabalha na aviação ou simplesmente é apaixonada por esta área, como eu *-* Já até perguntei por você (não vou te chamar de senhor, pois por mais educado que seja, cê ainda é muito novo HAHAHA)lá no aeroporto de Guarulhos, mas ainda não tive sucesso em descobrir onde o famoso Beto Carvalho estaria :/ Vou continuar tentando, porque eu e meu namorado adoraríamos conhecê-lo e também sua esposa comissária *-* Somos fãs :D HAUAHDUDHAUHAU Um abraço!
ResponderExcluirKKKK, "O hotel por acaso voa? Se voar eu sou tripulante, senão sou um hóspede", hauhauauhuahu. Muito boa a resposta do colega.
ResponderExcluirÓtima postagem, um abraço,
Mariel Fonseca
Ótimo post cmte., mas por favor, me responda. Vc costuma encontrar seus amigos do colégio em seus voos? tem algum causo sobre isso?
ResponderExcluirabraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Cleidson, procurar por vc quando estiver em BSB.
ResponderExcluirCaro Anônimo, já faz um bom tempo que eu não fico no Nacional. Mas ele foi por muitos anos o hotel que hospedou os tripulantes da Varig.
Mary, posso concluir que vc trabalha na Gol? Em que setor? 50% das minhas programções saem de GRU, um dia a gente se encontra!
Caro Anônimo, às vezes coincide de encontrar colegas, mas é de certa forma raro. Quando eu voava Ponte Aérea, na época em que não havia pontes de embarque em Congonhas e Santos Dumont, era mais fácil encontrar os colegas. Hoje em dia com as pontes de embarque, se "bobear" um amigo seu embarca e vc nem fica sabendo. O número de decolagens diárias da Gol é em torno de 850 por dia, então encontrar alguém não é tão fácil. No ano passado embarcou no meu voo, vindo de Palmas para São Paulo, uma conhecida com seus filhos. É uma pena que não dá para chamar os conhecidos para acompanhar o pouso ou decolagem na cabine. Na época da Ponte, vários conhecidos embarcaram comigo, e era legal, pois vendo-os na fila, eu abria a janela e saudava-os convidando para viajar na cabine.
É isso, abçs, Roberto.
Muito bom este post,mostrando o dia a dia das tripulações,um beabá de como se viram Brasil e mundo afora!!
ResponderExcluirAgora esta de se o "Hotel Voa" foi impagavel!!!!!
Parabens Comandante o blog continua excelente!!
Ok Cmte. Trabalho das 6h ao meio-dia. Um abraço e bons voos.
ResponderExcluirComandante, o Sr. voava Airbus? Qual e em que companhia?
ResponderExcluirCaro Diogo Jucá, voei o Airbus A-300 do final de 87 até março de 89. Voei na Varig, Varig, Varig!
ResponderExcluirNão, não trabalho na Gol não ! hahaha Apesar que, quando concluir a faculdade + pós, penso em participar de seleções para trabalhar um ano em uma companhia aérea, sendo a Gol minha primeira opção :) É que visito com bastante frequência Congonhas e Guarulhos, apenas para apreciar os aviões junto ao meu namorado, e aí andei perguntando pelo senhor Beto Carvalho para alguns tripulantes.. Não obtive muito sucesso e achei melhor checar com o próprio Beto se há alguma chance de um dia o conhecermos, não?! haha Um abraço para você e a esposa! Espero uma postagem digna das férias 2011 (:
ResponderExcluirOtimo post comando, abrçs bons voos!
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