quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

FASTEN SEAT BELTS!

Nesta semana o mundo está de olho em Copenhague por ocasião do Fórum Global sobre o clima. O clima está mudando, não há dúvidas!

As formações meteorológicas estão maiores, desenvolvendo-se com maior rapidez, gerando mais turbulência e formação de gelo. As frentes frias estão chegando com mais intensidade que há duas décadas atrás.

No mês passado, em aproximação para Curitiba, vindo de Foz do Iguaçu, passei por um mau tempo que há anos eu não via. Durante a descida efetuamos um longo desvio pela direita, visualizando um ponto adiante onde havia condições de voltar à rota. Para este retorno, um período de turbulência leve a moderada era esperado, e por isso a tripulação e passageiros foram avisados e instruídos a permanecerem sentados com os cintos afivelados.

Mas na medida em que nos aproximávamos do ponto em que o co-piloto e eu julgamos ser adequado para voar, as indicações no radar meteorológico se alteravam, mostrando que o caminho estava bem pior que o esperado! Estávamos de certo modo cercados pelas formações, efetuar 180 graus e retornar já não era mais viável e o jeito era seguir em frente. Apesar das nuvens não serem muito grandes e altas, possuíam muita atividade. Aumentamos a razão de descida, pois quanto mais baixo voássemos por elas, menor seria a quantidade de gelo e granizo no interior delas. Foram 5 minutos de muita “pauleira”, com chuva, gelo, turbulência e muitos clarões de relâmpagos. Para não sermos ofuscados, mantínhamos as luzes da cabine acesas na maior intensidade. Passado este tempo estávamos novamente voando em atmosfera calma e sem nuvens.
Fiquei muito impressionado (e os passageiros assustados!) com a atividade associada àquelas nuvens, que como disse, não eram tão grandes. Também não estavam ligadas a um sistema de frente fria ou a uma linha de instabilidade. Eram resultado de um centro de baixa pressão que estava estacionado na área do Paraná e Santa Catarina.

Para a aviação enfrentar estas mudanças climáticas, tem havido uma melhora nos equipamentos e no treinamento dos pilotos.

Nos antigos Electras, haviam 2 modelos diferentes de radares meteorológicos. Um era apelidado Steve Wonder e outro Ray Charles! Forneciam uma imagem pouco clara que exigia muito cuidado para analisar e interpretá-la. Algo como uma ultra-sonografia de um bebê na barriga, feita por um aparelho dos anos 70! No B 737-200, o radar era mais moderno, mas ainda não era colorido, portanto, com menos detalhes da quantidade e intensidade de chuva em uma nuvem. Hoje em dia os radares estão bem mais avançados, com imagens coloridas, e novos recursos que possibilitam uma maior clareza de visualização e interpretação.

Finalmente o conhecimento do equipamento por parte dos pilotos é fundamental.
Mas, se com tudo isso, o mau tempo e a turbulência for inevitável, então .....FASTEN SEAT BELTS!

10 comentários:

  1. Realmente as condições climáticas estão cada vez piores. Temos até tornados no sul, algo que não havia até uns 20 anos atrás. aqui em Foz tem ocorrido ventos de dar medo ultimamente. Há de se cuidar mais com o que estamos fazendo com o Meio Ambiente.
    Então o sr. esteve em Foz e não avisou. Tá devendo uma visita hem!!! Me avise da próxima vez. Meu e-mail é sergio.bopp@gmail.com.
    Abraço cmte.

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  2. Bom dia comandante!
    Muito obrigado pela resposta, foi clara e objetiva.
    Concordo que o clima esta mudando.Diria mesmo que esta ficando louco.Semana passada tinhamos 20 graus, ceu limpo e pouco vento; mas tudo isso mudou rapido e, em menos de quatro dias -7 graus e um pouco de neve...
    Imagino que aos poucos as coisas serao ainda piores nos anos a frente...
    Abraço...
    Paulo Roberto (prc_tj@hotmail.com)

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  3. Cmte. Atualmente o sr. esta em que cia. Aerea ?

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  4. Hhehehe esse Weather Radar da captainsim... mudando de assunto, hj contras as CAT existe alguma coisa para antecipar ou ainda é um mistério ou somente prevenção já que vem associado as extermidades dos CB´s?

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  5. Caro Bruno, atualmente estou voando em uma grande empresa aqui no Brasil. Voei por muito anos na "velha" Varig, por isso a maioria das estórias aconteceram nela. Um abraço Roberto..

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  6. Ainda não há nada que possa confirmar a presença de CAT, exceto por reportes de outros pilotos. Só voando para saber. O interessante é que há dias em que temos ventos de través com 100 nós e nenhuma turbulência, o outros dias em que há ventos mais fracos e muita turbulência de céu claro. Um mistério que só Jack Bauer pode exclarecer!. Abç Roberto

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  7. Isso é muito perigoso... é uma digamos quase tragédia sem aviso.. regards!

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  8. Realmente é muito interressante para que lida com fatores meteorologiocos, verificar as mudanças de comportamento do tempo com o passar dos anos!!
    Penso que toda vez que o radar meteorologico se torna todo vermelhinho,deve sim acender uma luz vermelha na cabine!!
    Pois mesmo com toda tecnologia disponivel só mesmo com bom senso e conhecimento para aplica-la bem,haja visto o caso do voo da Air France,não estou dizendo com isto que a tripulação tenha errado,mas talvez confiando um pouco a mais no que os instrumentos indicavam!!
    Excenlente post Comandante!!
    Walmir

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  9. Por falar em vento de travez eu fiz um voo na IVAO curitiba x congonhas no fl340 via UW25 com 737-300 pela golV, decolei de curitiba com visibilidade quase abaixo dos minimos para decolagem, minha chegada em congonhas seria antiga rede 35, bloquiei rede e procegui para ingresso na final ils 35l sbsp, para se ter uma idéia os ventos para final estavam em 20KT, assim que passei o marcador externo desacoplei o piloto automatico e recebi a primeira rajada de vento, vejam o resultado do pouso no video que fiz, para acessar o video basta um duplo clik na minha foto no Blog.

    Ederson

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  10. Haha, sabia que eu tenho uma foto do cockpit do Electra ainda com o radar antigo (que tinha um tubo preto)? Lendo seu post agora que eu lembrei, vou postar la no meu blog quando voltar pra casa e te aviso por aqui (vou fazer um link pra esse seu post também)

    Abraco

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