quarta-feira, 3 de março de 2010

A paisagem mais linda de todas


De todas as aproximações que já fiz, as chegadas para pouso no aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro foram as que mais me entusiasmaram. Foram quatro anos e meio de voos na Ponte Aérea, em que não me cansava de ver a beleza daquela cidade.

Quando o tempo estava bom, tanto de dia quanto à noite, tínhamos a opção de cancelar o voo por instrumento e seguir de acordo com as regras para voo visual. Desta maneira gozávamos de uma certa liberdade para escolher nossa trajetória de chegada, e assim aproveitar o voo panorâmico. As opções eram muitas, podíamos sobrevoar a Lagôa Rodrigo de Freitas, seguir paralelo à linha do litoral com o visual das praias e sobrevoar Niterói. Havia uma aproximação que informalmente chamávamos de ¨sovaco do Cristo¨: passávamos próximo ao Cristo Redentor já iniciando uma curva à esquerda sobre Botafogo e Flamengo para então, com o Pão de Açucar e o Morro da Urca à direita, completar a aproximação e pousar, tendo à frente a Ponte Rio-Niterói. Depois de uma aproximação destas, sair da cabine de comando e sentir a maresia que vinha com a brisa do mar, trazia um bem estar enorme! A cidade do Rio de Janeiro oferece uma série de ingredientes que nunca vi reunidos em outro lugar. Principalmente no verão, há sempre grandes navios de cruzeiro enfeitando a Baia de Guanabara. Há também montanhas e florestas, as praias, veleiros em regatas nos fins de semana, plataformas marítimas estacionadas próximas à Ponte Rio-Niterói, submarinos na superfície, navios mercantes e da Marinha que fazem nossos olhos se alternarem entre o painel do avião e a paisagem. No céu, há mais a ser observado: asas delta próximo à Pedra da Gávea, pequenos aviões puxando faixas publicitárias sobre as praias, e pela manhã, balões subindo em rumos errantes.

Era bacana observar as diversas construções sobre a cidade, sendo que algumas delas servem para nos orientar em relação a determinadas trajetórias de aproximação. O Maracanã, a estação da Central do Brasil e o Hospital 4º Centenário próximo ao Morro Dona Marta, são edificações importantes na nossa orientação de chegada. Na semana de carnaval, pode-se avistar a Marquês de Sapucaí de bem longe. Já na chegada, ao passar sobre a Ponte próximo ao pouso, observamos os porta aviões da Marinha do Brasil e a Ilha Fiscal, que com seu castelinho verde pistache, nos remete à sua inauguração em 1889. Faltando pouco para tocarmos a pista, com o Pão de Açucar lá na frente, inúmeras vezes observamos as barcas que saem do atracadouro da Praça XV em direção a Niterói. Eu não sei exatamente qual é a sensação do ponto de vista de quem está dentro da barca, mas do meu ponto de vista sentado na cabine, embora a distância entre barca e avião seja considerada segura, passa perto, muito perto!










19 comentários:

  1. Rio De Janeiro continua lindo!
    A cidade maravilhosa e linda demais,
    as suas belezas naturais , são incriveis!
    Agora Beto você por conhecer SP e RJ,
    tambem ja teve a oportunidade de para e
    reparar na cidade de SP em noite de céu claro?
    Eu acho tambem simplismente incrivel!

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  2. Olá Beto, me chamo Emidio tenho 17 anos e estou prestando vestibular para o curso de Ciências Aeronaúticas.
    Pois bem minha familia detesta o fato de eu ter escolhido essa profissão principalmete pelo fato da estabilidade profissional. Pois bem então lhe peço uma pequena ajuda para convencê-los a aceitar que essa e uma profissão de certa forma comum, já mostrei todas as suas historias pra eles mas alguns fatores ainda os incomoda.
    Peço de coração que lhe diga algumas palavras para que eles se convençam dessa idéia pois já escolhi vou ser piloto e ponto final.
    Abraços

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  3. Caro Emídio, seus pais não estão errados em se preocupar com sua escolha de carreira, e portanto, com o seu futuro. Se meus filhos disserem que querem ser pilotos, eu vou conversar bastante com eles, tentando mostrar as dificuldades da aviação e principalmente, dizendo a eles que como pilotos,por melhor que eles sejam, terão uma remuneração limitada. Em outras atividades, o limite de salário pode ser o seu talento, sua capacidade. Mas se eles realmente estiverem decididos, vou apoiar. Dentre os meus amigos, eu fui quem mais cedo atingi a independência financeira, e acho que sou o que mais curte o trabalho. Há pessoas que fazem o que não gostam para ter o que gostam, eu faço o que gosto, e na medida do razoável, posso ter o que gosto. Ficar milionário, mansão na praia e no campo com viagens de luxo? Pode esquecer! Tenho colegas que se formaram e profissões “normais” mas acabaram abandonando seus consultórios dentários e empregos de engenheiros para trabalharem como piloto. Eu não perdi meu tempo, e com 20 anos já estava com um bom emprego. Na crise da Varig, vários colegas desenterraram seus diplomas para trabalharem em outras áreas. Mas adivinha? Depois de um tempo, principalmente os advogados, acabaram voltando para a aviação, onde se sente mais contentes, felizes e até mais bem remunerados, afinal a vida fora da aviação também não é nada fácil. Finalmente, digo que minha esposa e filhos, gostam muito da minha profissão e meus PAIS, são muito orgulhosos de minha escolha profissional. É isso, abc, Roberto.

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  4. De uma olhada neste video onde o ex comandante da gol fala sobre sua carreira na aviação, realmente a historia do comandante roberto é muito bonita, o comandante roberto conhece esse conceituado piloto que esta dando a entrevista no video

    http://www.youtube.com/watch?v=ur_B0l_NF5Y&feature=related

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  5. Vídeo muito bom esse que você indicou. Mas tem um comandante chamado Dantas que também é um profissional de primeira linha e bem acessível para explicar. Possuo um DVD do programa voar que tem alguns vôos e um papo de hangar com ele. É excelente! Gosto quando eles explicam bem e com calma, mostram que fazem porque gostam e não pelo dinheiro. Certa vez viajei com em dois vôos o qual os comandantes eram Advogados e o outro Engenheiro Civil, os mesmos disseram que não gostavam muito do que faziam. Não acredito nisso. Arcoverde

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  6. Comandande Beto, em certo vôo que fiz em um Boeing 727-200 da antiga Viabrasil, notei que os comandantes estavam um pouco impacientes porque um Fokker-100 estava a nossa frente e iríamos ter que reduzir por causa dele. É verdade que o Fokker-100 dá um atraso danado nas outras aeronaves no ar? Grande abraço, Arcoverde

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  7. Tenho orgulho de ser Carioca...mais o que seria do Brasil sem o Rio ? ou sem São Paulo ? O que seria de São Paulo sem o Rio? e o Rio sem São Paulo ?

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  8. Cmte, desculpa estar usando esse meio pra fazer essa pergunta, mas acredito que possas me ajudar.
    Quando embarcamos pela porta traseira da aeronave é possível ver nitidamente que na fuzelagem da aeronave, proximo ao bordo de ataque do estabilizador vertical há uma escala, uns numeros, entende-se que o estabilizador se move alguns centimetros para cima e para baixo.
    É realmente isso?
    Pra que serve esse ajuste no estabilizador?

    De qualquer modo obrigado e parabens pelo blog.

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  9. Comandante, a sensação de quem está na barca e vê um 737 ou um "Zé" passar em cima dela, pelo menos para quem, como eu, gosta de avição, é algo maravilhoso.
    Por vezes, dá a sensação de que se a aeronave passasse 10 pés mais baixa levaria um antena da barca :)
    Uma visão simplesmente maravilhosa prá quem gosta de aviação.

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  10. Sequencia de fotos de tirar o folego,realmente dificil acreditar que exista outro lugar com tantas belezas e com tantos atrativos para se apreciar!!
    Mesmo sem conhecer muito acredito que esta aproximação para o Santos Dumont deva ser a mais linda de ver!!
    Parabens comandante,nos brindou com algo que poucos tem o privilegio de observar!!!

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Bom aqui tem um trecho do pouso 737-800 na 32 florianopolis comandante puschen com as explicações do cmt dantas, muito bom a aproximação vor dme direta ou seja o comandante estava quanse alinhado na proa da pista em rota e chegou direto na aproximação.


    http://www.youtube.com/watch?v=kKgB1uoJffo

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  13. Não há dúvida, é a chegada mais linda, de qq lado que venhamos. Aliás, é o melhor voo, curto e maravilhosos em todo o percurso. Lucky you que conseguiu ficar tanto tempo nessa nirvana!

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  14. Caro Arcoverde, realmente a diferença de velocidade entre um 727 (Mach 0.80)e um F-100 (Mach .74, é grande, e em voo de cruzeiro, caso o 727 esteja atrás, vai atrapalhar um pouco. isso é comum, de dizemos que o avião à frente é um "rolha de aerovia". No Md-11 em voos para a Europa, voávamos a Mach 0.82, e se havia um 767 ou Airbus A330 ou A340 que geralmente voam a Mach 0.80, dava uma atrapalhada. Quando eu voava na Ponte Aérea, ultrapassávamos com facilidade o F-100. Hoje em dia quem é considerado "rolha de aerovia" nos céus do Brasil são os voos da GOL. Embora a velocidade do 737 e dos Airbus A320/321/319 seja praticamente a mesma (M 0.785), a política operacional destas empresas é diferente, então enquanto o TAM e o Web Jet, estão com pressa, o Gol não, e realmente quem quer ultrapassar acaba demonstrando uma certa impaciência.

    Quanto as marcações no bordo de ataque do estabilizador horizontal (na parte da frente da "asinha" de trás) servem para que o pessoal da manutenção´, e mesmo os pilotos, possam confirmar determinados parâmetros de posicionamento destas superfícies, por exemplo se o que indica o mostrador da cabine confere com a posição real do estabilizador horizontal. Ele possue um movimento que é aplicado pelo piloto (automático inclusive) para eliminar tendências do avião. Se estamos nivelados e há uma tendência do avião em abaixar o nariz e desta forma iniciar uma descida, aplicamos o compensador para "nose up" e todo o estabilizador horizontal de move (por comandos e atuação elétrica) um pouco para então eliminar esta tendência. Não confundir o estabilizador horizontal, que é o conjunto todo (toda a asinha de trás) com os profundor, que são superfícies no bordo de fuga do estabilizador horizontal, que são atuadas hiraulicamente com movimentos para cima e para baixo, para aí sim comandar no avião uma subida ou descida. Será que deu para entender, ou eu compliquei ainda mais?

    Abç Roberto.

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  15. Comandante como se procede uma ultrapassagem, se faz por cima ou por baixo? o controle da area autoriza a ultrapassagem?

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  16. Comandante deixei um video de 1988 para o sr recordar a varig, o sr voou esta aeronave ou mesmo mo modelo

    http://www.youtube.com/watch?v=dPtw0KTr6jI

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  17. Caro Ederson, muito legal o vídeo, ainda não tinha assistido. Quanto as ultrapassagens, normalmente são feitas quando 2 aviões estão na mesma rota porém em níveis diferentes, mas neste caso a diferênça de velocidade deve ser grande, ou então, haver bastante tempo para que haja a ultrapassagem. Se as aeronaves estão no mesmo nível, o controle de tráfego aéreo pode determinar uma proa diferente para a aeronave ultrapassadora, para após a ultrapassagem ser concluida, ela voltar à rota original. Mas de novo, a diferênça de velocidade deve ser grande, caso contrário não há com ser feita, e a aeronave à retaguarda deve ter paciência.
    Abç Roberto.

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  18. Perfeito comandante deu pra entender si senhor, não complicou nada não. Essa dúvida eu sempre tive e almentou depois que vi a foto air-to-air de capa da revista Flap ondeo 787-800 esta com essa asinha levenmente down.
    Muitíssimo obrigado, bela explicação!

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