São Paulo-Bogotá, é um longo 
vôo de 5 horas e meia e 
distância total de 4.460 
quilômetros, onde metade do caminho é sobre a região 
amazônica. 
Decolando de 
Guarulhos, logo passamos em cima da cidade de São Paulo, pois a rota 
prevê o 
sobrevôo de 
Congonhas. Para mim que nasci e cresci nesta cidade, é um 
privilegio e um prazer poder, a 12.000 pés de altitude, ver e identificar tantos pontos da cidade. O parque do 
Ibirapuera, a região da 
Av. Paulista, o Jóquei Clube, o autódromo de 
Interlagos, a represa 
Billings e mais adiante a serra do mar. Avistar a represa 
Guarapiranga, podendo identificar alguns clubes em sua margem, as obras do r
odoanel que avançam pela Imigrantes e 
Anchieta, e à direita ve-se 
Alphaville e o pico do 
Jaraguá. De 
São Paulo voa-se na proa de 
Bauru, cruza-se o Rio 
Tietê, o Rio Paraná, e seguindo no rumo noroeste logo estamos sobre o Mato Grosso do Sul. Campo Grande passa à esquerda, 
Cuiabá passa bem em baixo de nós. Há 20 anos, bastava poucos minutos após 
Cuiabá para perceber que já nos aproximávamos da região 
amazônica. Hoje, nos próximos 500 
quilômetros, ainda observa-se muito 
desmatamento por conta das fazendas, que não param de crescer em 
direção ao norte. Mas então surge a floresta abaixo de nós. Mata fechada, nada de cidades. Vilhena, em 
Rondônia, passa à esquerda, sendo que não muito longe,  está a Bolívia. Porto Velho, que é um importante apoio nesta rota em caso de necessidade, fica à esquerda, a 150 Km de 
distância. Mais adiante outros 2 pontos de apoio, Rio Branco e 
Manaus,porém, ambas as cidades estão afastadas da rota por 550 Km. E continua o "tapete verde". 
Tefé no Amazonas fica à direita, 
Tabatinga, cidade vizinha a 
Letícia, na tríplice 
fronteira com Peru e Bolívia, à esquerda. A última cidade brasileira na rota é 
São Gabriel da Cachoeira, passando afastada à direita. Notem que a última cidade que passou realmente perto de nós, foi 
Cuiabá, lá atrás. Assim, 4 horas e 40 minutos depois de 
decolar estamos na divisa de Brasil e 
Colômbia. Neste trecho final da rota, a 
Colômbia apresenta não apenas a característica da nossa região 
amazônica, mas também regiões montanhosas, na medida em que nos aproximamos de Bogotá e portanto da "espinha" da Cordilheira do Andes. A cidade fica a 2.500 metros acima do nível do mar, e é cercada por montanhas. Ainda que seja próxima a linha do equador (paralelo 4º ao norte), a temperatura é 
sempre baixa, sendo normal 8 graus na madrugada, e no máximo 22 graus durante o dia. Para a nossa chegada, toda a atenção é pouca. Durante o 
vôo de cruzeiro, 
efetuamos uma atenta revisão dos possíveis procedimentos de aproximação, das rotas de chegada, da meteorologia, dos relevos significativos, 
checamos os informativos disponíveis da localidade, enfim, nos preparamos ao máximo, e dependendo da 
situação, também 
planejamos para o caso de não podermos pousar e seguir para o aeroporto de alternativa, que no caso é 
Cali e 
Barranquilla. Mais um detalhe que precisamos ter em mente: após o pouso qual será o caminho até o estacionamento final? Há aeroportos, onde a aproximação e pouso até que é simples, mas depois do pouso há tantas "
taxyways", acessos e pontos de parada 
obrigatória, que é melhor estudar o caminho para não passar vergonha, embora não seja um problema parar o avião e pedir instruções à torre de controle, ou até mesmo solicitar a ajuda do "
follow me", que é um carro que segue à frente do avião para ser seguido até o estacionamento. Tudo estudado, combinado e "
brifado", é hora de iniciar a descida. Chamamos estas regiões montanhosas de "paliteiro" e ficamos espertos, pois dizem que as montanhas 
são duras e intransponíveis. No Brasil quando estamos na aproximação a 10.000 pés de altitude, significa que em 10 ou 15 minutos estaremos pousando, mas aqui em 
Bogotá, nesta mesma altitude ou estamos prestes a bater na montanha ou a 2 minutos para o pouso, pois a pista está a 8.200 pés de altitude. Por isso o alerta 
situacional deve estar ao 
nível máximo! Nosso 
cérebro está acostumado a interpretar a altitude de 15.000 pés, por exemplo, de uma maneira, mas aqui (e também em outros aeroportos de grande altitude, como no México e em La Paz, a pista comercial mais alta do mundo) a interpretação deve ser outra. Além disso, a comunicação com o controle de aproximação é toda em inglês, e não é o inglês do professor, é um inglês que vem com forte sotaque colombiano. Por fim, como a altitude é elevada e portanto, o ar mais 
rarefeito, a velocidade de aproximação é maior, então tudo acontece mais rápido. Neste momento a experiência dos pilotos, é fundamental. Raciocínio rápido, trabalho em equipe, 
planejamento e boas condições 
físicas são a chave para o sucesso. Pousamos. 
São 14

h45
min local e a temperatura é de 16 graus. Um sentimento de cansaço 
físico (mais de 6 horas sentado na cabine, em ambiente pressurizado, com 
ruído e sol na cara, cansa) e satisfação por mais um 
vôo seguro tomam conta de mim. Um hotel confortável, uma cama macia e amanhã vou procurar um passeio para fazer. Na volta os desafios são parecidos, sendo que a 
decolagem deve ser muito bem 
planejada, pois um problema na fase inicial da subida, neste tipo de região, não é fácil 
gerenciar. A primeira foto foi tirada próximo a Santarém, em uma outra ocasião. A segunda, foi lá em Bogotá, numa montanha onde há um teleférico, e que fica a apenas 18 km da pista de pouso.