O aeroporto de Congonhas é especial, pode-se dizer o que quiser, eu amo aquele lugar! E o Electra... Que saudade daquele avião. Quem de nós não tem na lembrança uma passagem por Congonhas? Já em 79 eu ia lá para ver e fotografar os aviões que avistávamos do terraço. Era impressionante ver aquela fila de Boeing 727 da Transbrasil, cada um pintado de uma cor. O saguão central, com arquitetura dos anos 50, é lindo! Gosto de circular por ali, entrar na La Selva e folhar livros e revistas. Pena que os serviços e lojas em Congonhas sejam muito mais caros. Uma dica para almoço: No 2º andar, atrás daquele restaurante fino, e mais caro, justamente onde antigamente ficava o terraço para ver aviões, há um restaurante por quilo, é mais barato, e a comida vem da mesma cozinha do vizinho chique. Gosto de caminhar do saguão de check-in para o saguão central, e perceber, principalmente naquele corredorzinho onde há lojas de ambos os lados, que as pedras brancas estão bem mais gastas que as pedras pretas. Observo o ir e vir das pessoas apressadas. Curto ver as despedidas no embarque e, sobretudo, os encontros no desembarque que são sempre carregados de emoções. Como diz o Rei: são tantas emoções... Felicidade; tristeza; saudade; abraços; beijos e lágrimas estão sempre presentes naquele espaço. É claro que nem sempre é este glamour. Há dias (véspera de feriados e férias escolares) que ao colocar o pé dentro do aeroporto, e ver toda aquela gente com malas, carrinhos de bagagem, filas para comprar, pagar, para tudo, funcionários das companhias fazendo chamadas aos berros, o sistema de som que não silencia por meio minuto sequer, dá vontade de virar às costas e sair fora. Hoje em dia o aeroporto, que já sofreu várias reformas, possui os “finguers”, aquelas pontes de embarque que facilitam a vida dos passageiros, especialmente em dias de chuva. Antigamente, e particularmente no período do saudoso Electra da Ponte Aérea, não havia nada disso, circulávamos livres pelo pátio, carregávamos canivetes e tesouras nas malas sem qualquer restrição, pois nem máquina de raios-X havia por lá. Tive o privilégio de pilotar o Lockeed Electra II nos anos de 86 e 87. Era uma sensação muito boa caminhar para o avião, passar perto daquelas 4 enormes hélices, sentindo o cheiro de querosene no ar e o barulho dos aviões pousando e decolando. Aos mais jovens, é bom lembrar que antes dos jatos na Ponte Aérea RJ/SP, havia 14 aviões turboélices Electra, que pertenciam e eram operados pela Varig, em esquema de pool com a Vasp e Transbrasil. Os aviões, com capacidade para 90 passageiros, necessitavam de 2 pilotos, um engenheiro de vôo e duas comissárias. Sete aviões dormiam e amanheciam em Congonhas, e sete no Santos Dumont, Rio de Janeiro. Por serem aviões antigos, necessitavam e recebiam mais que um cuidado especial, eram tratados com um certo carinho por todos. Em Porto Alegre, nos hangares de manutenção da Varig, algumas peças eram fabricadas para o velho Electra. Os pilotos e comissários tinham que chegar no aeroporto uma hora antes do horário previsto para a decolagem, mas os engenheiros de vôo, ou mecânico de vôo, como também eram chamados, tinham que chegar com 90 minutos de antecedência quando era o primeiro vôo do dia de cada avião. Eram tantos os itens a serem verificados no pré-vôo, que até os mais antigos e experientes carregavam no bolso da camisa um livrinho com o checklist, para não deixar nada para trás. Acho que foi o período dourado da Ponte Aérea. Monique Evans indo para o Rio de Janeiro, era um espetáculo! Luiza Brunet era mais um avião no pátio. E o Electra tinha particularidades que tornavam a viagem especial. As poltronas eram mais largas e espaçosas, o serviço de bordo era “das antigas”, com cerveja, whisky, vinhos e outras bebidinhas, além do lanchinho, que nem dá para comparar com o que é servido hoje em dia. Pela manhã, todo mundo lendo jornal, e até fumando, pois naquela época era permitido. A partir das 6 Hs da tarde, nada de leitura, um drink era a pedida de 9 em cada 10 passageiros. E dá-lhe cigarro, que na verdade, demorou até demais para ser proibido à bordo. E o mais interessante do Electra, é que no parte traseira da cabine, havia um espaço chamado "lounge", com duas fileiras de poltronas laterais, para 4 passageiros cada, que ficavam uma de frente para a outra. Voltar para casa à noite, tomando um drink, uma boa conversa no lounge, era tudo de bom! A viagem era mais longa, voava-se mais baixo, as pessoas viviam menos apressadas, e o trânsito de São Paulo não era notícia diária nos jornais. Que saudade daqueles tempos!
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Há 2 horas
Brother saudosista: pegar vôos da ponte aérea no final da tarde, tomando um drink e conversando com as pessoas ao lado era o máximo! Aliás até hoje não tem vôo mais legal que o da Ponte, pelo visual e tempo nos ares. Falta o drink. E adorei esse lounge. Perdi.
ResponderExcluirBeto, meu filho: adorei seu momento nostalgia. Seus comentários estão lindos e me deixaram com uma tremenda saudade de uns tempos leves e, como direi, mais relax. Beijos. Isa
ResponderExcluirRoberto,
ResponderExcluirPor pouco não fomos conterrâneos no ACSP, iniciei meu curso lá e brevetei em 84, já era médico formado na época, dei uma breve passada em Alta Floresta em 84, cheguei a ter contato na TRANSBRASIL mas me desmotivaram pois já era considerado velho (29 anos) para começar na aviação.
Fui fazendo meus vôos de TUPI,até que em 2009 resolvi comprar um projeto de um ultraleve americano KITFOX, veja meu Blog, http://ricardofeitosaaguia.blogspot
Parabéns pelo Blog e um grande abraço,
Ricardo Feitosa
Correção, o endereço do Blog, tem .com no final
ResponderExcluirRicardo Feitosa
Roberto, obrigado pelas suas lembranças !
ResponderExcluirO Electra, possuia, também, em certa época, uma mesa instalada nos fundos. Perfeito escritório alado. Voei muito naquela máquina ! Saudades !!
Grande abraço, grande amigo (me permita).
Mario Sene