quarta-feira, 15 de abril de 2009

Um dia de cão

Aconteceu em 1993, num vôo de Manaus para São Paulo. Decolagem às 10 horas da manhã com escalas em Porto Velho, Rio Branco, Cuiabá, Campo Grande e finalmente chegada em São Paulo-Guarulhos, por volta de 8 horas da noite. Na chegada em Cuiabá, ao iniciar o descarregamento do porão de carga dianteiro, o pessoal de terra percebeu que havia um cão solto lá dentro. Mantiveram o porão fechado e me avisaram. Como já tinha tido um experiência recente em Marabá, onde um Rothweiller estava na mesma situação, tentamos localizar o dono do cão a bordo, ao mesmo tempo em que acionamos os bombeiros, que possuem aquelas varas com um laço na ponta. O dono não estava a bordo. “Just in case”, desci do avião munido de um par de luvas de amianto, que naquela época estava liberado. Abrimos uma frestinha e pelas patas e focinho vimos que era um Boxer, que embora seja cão de companhia, deveria estar estressado. Com facilidade ele foi laçado, e colocado de volta na coleira. O cachorro era manso, devia ter no máximo 2 anos, e brincalhão, foi recuando, recuando, até que se soltou da coleira. Viva a liberdade canina! Saiu correndo pelo pátio, circulou por uma área da Shell, correu em direção à pista de pouso. A essas alturas, o tempo ao redor começava a se fechar, nuvens de chuva se aproximando, e o pessoal de terra já pedindo a liberação para embarcar os passageiros locais. Ok, o embarque está liberado! Nisso, o cachorro voltou a se aproximar, passou e causou certa apreensão entre os passageiros, que em fila aguardavam para subir a escada do avião. Foi neste momento que me lembrei que o co-piloto era vegetariano, e não tinha comido sua refeição, um filé à parmegiana, que aliás, estava bom para cachorro. Então lá de baixo gritei para o co-piloto: - Marçal, já que você não vai comer, joga para cá aquele filé à parmegiana. Aí ficou fácil, foi só chamar a atenção do cachorro, mostrando o pedaço de carne. Desta vez não deixamos por menos e rapidamente o colocamos na casinha, fechamos, travamos, amarramos e lacramos ,eliminando todas as possibilidades de fuga. Todos a bordo, portas fechadas, e conseguimos decolar no horário previsto, e antes da chuva. Chegando em São Paulo, lá estava ele na esteira de bagagens. Parecia feliz, deve ter se divertido naquela escala em Cuiabá, e ainda foi presenteado com uma refeição especial. Há outras estórias com animais, mas vamos deixar para outra ocasião. PS. A foto é do aeroporto de São Paulo-Guarulhos, tirada a 12.000 pés.

2 comentários:

  1. Que fofo, qq dia leva a Janis para um passeio por esse brasilzão.

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  2. Beto querido, estou adorando seus "causos". Conte outros que, tenho certeza, muita gente vai se interessar.

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