Dia desses, minha irmã me perguntou se há no Brasil muitos casos de colisões com pássaros em voo. Sim há, e muitos, sobretudo em certos aeroportos onde há
lixões por perto. Salvador e Galeão são localidades com vários
registros. Em Londrina, há um depósito de lixo nas proximidades da pista de pouso, e em
Guarulhos também é comum colisões com pássaros logo após a
decolagem. As chances de encontrar e bater com um pássaro, porém, são pequenas. No meu caso, nesses 24 anos de aviação comercial, ou ainda, nesses quase 27 anos (contando desde o período de
aeroclube), nunca tive problemas desse tipo. Já atropelei pequenos pássaros, tipo
corujinhas que adoram ficar sobre a pista no período
noturno, aproveitando o calor do asfalto. Sendo a vítima de pequeno porte, o motor simplesmente ignora o coitado, fazendo
picadinho dele. Se o pássaro é grande (
urubus são as maiores ameaças no Brasil), então o motor pode sofrer danos maiores, e por isso muitas vezes devem ser desligados em voo para se evitar maiores problemas. Nos aviões comerciais, há sempre 2 motores no mínimo, então desligar um não é problema.
Quando pássaro é engolido pelo motor, seja qual for o tamanho, o cheiro vem para dentro do avião, pois o ar proveniente do ar condicionado é
extraido de uma parte do compressor de ar da turbina. Mesmo se isolamos o ar condicionado do motor
afetado, o cheiro entra, e é um cheiro realmente ruim. Certa vez atropelei um urubu quando estava na aproximação para pouso em
Manaus. A cerca de 10 segundos para o impacto, avistamos um bando de
urubus vindo em nossa
direção (na verdade eles estavam
ali voando em círculos, nós é que fomos em
direção a eles), parecia que ia bater de frente com a janela da cabine, e cheguei a abaixar a cabeça, num
reflexo para me
proteger. Passou perto, bateu na janela lateral esquerda, no limite entre o painel de vidro e a fuselagem, deixando uma sujeira danada no avião. Aliás, as janelas da cabine de comando são
contruidas com vários
painéis de vidro e acrílico/
vinil, sendo que para dar maior resistência ao impacto, elas são aquecidas. O aquecimento dá ao conjunto uma certa flexibilidade. Além disso, abaixo de 10.000 pés (3.000 metros) há uma velocidade máxima para o voo, pois quanto menor a velocidade maior a resistência. Quando avistamos pássaros na rota, não há muito o que fazer, o radar meteorológico ligado, embora não haja uma confirmação técnica, é um recurso que parece ajudar, no sentido de
afugentar os voadores. Em Porto Alegre, há muitos quero-
queros, já em
Guarulhos, é comum avistarmos gaviões nos gramados ao redor das pistas. Em
Fernando de Noronha, a quantidade é ainda maior, pois lá a natureza é preservada com rigor.
Nas chegadas e saídas de Noronha, há 2 procedimentos que podem ser
adotados: O primeiro é na chegada, quando
solicitamos aos Bombeiros,
através de
contato via torre de controle, para circular de caminhão sobre a pista, e
afugentar as andorinhas, albatrozes, quero-
queros e etc. O outro é antes da
decolagem, nós mesmos
taxiamos com o avião por toda
extensão da pista, numa operação "xô-passarinho"! Pessoalmente, tenho minhas dúvidas quanto a eficácia destes procedimentos, pois se eles não estão
parados sobre a pista, estão voando por perto, só aguardando alçarmos voo. Há outros bichos soltos por aí, que vou contar depois.
Primeiro você diz que há muitas colisões com pássaros e, logo depois, você diz que a chance de encontrar e bater com eles são pequenas. Favor decidir.
ResponderExcluirQuanto ao texto propriamente dito, achei muito interessante porque também sempre ouvi falar de pássaros versus avião.