Quando vamos iniciar o treinamento para voar um determinado tipo de avião, além do curso teórico envolvendo os diversos sistemas deste avião e mais várias sessões em simulador de vôo para a prática de manobras e procedimentos anormais e de emergência; a legislação aeronáutica exige a realização de um vôo local. Este vôo local é feito na área do aeroporto, onde o piloto em treinamento efetua 5 pousos e decolagens (toca na pista, continua a corrida e sobe novamente sem parada).Se familiarizando assim com o avião antes de seguir para a rota, onde terá mais uma fase de instrução voando acompanhado de um comandante-instrutor. Com o alto nível de sofisticação e realismo dos simuladores modernos, atualmente este vôo local é todo feito sem sair do chão, mas até 1990 era diferente, tinha que ser feito no próprio avião para desespero das empresas aéreas e alegria dos pilotos. Era uma dificuldade tremenda para as companhias ter que tirar um avião da malha aérea e disponibilizá-lo para este treinamento, além do custo com combustível, freio, pneu e etc...Para o vôo local a tripulação era composta de um comandante-instrutor e um co-piloto, e mais 5 ou 6 “alunos” para cada um fazer seus pousos. Havia um pequeno prazer em poder voar sem uniforme, de calça jeans e tênis e enquanto estava aguardando a vez para efetuar os pousos, tínhamos a cabine de passageiros inteira para curtir. Em 1985 no Bandeirante da Rio Sul fiz o vôo local no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. Lembro que na ocasião eu suava muito, pois além do calor infernal do verão gaúcho, o sistema de ar-condicionado tinha que ficar desligado durante as manobras de pousos e decolagens. Já em 86 no Electra, o treinamento foi em Campinas-Viracopos, onde a pista é grande e o ar-condicionado do velho Electra funcionava perfeitamente. Em 88 foi a vez do vôo local no Airbus A-300. Foi muito legal, pois além do avião ser grande, o A-300 era extremamente moderno em relação ao Bandeirante e o Electra, e a área escolhida foi a base aérea de Santa Cruz, próximo à cidade do Rio de Janeiro. Uma bela pista onde operam os caças da FAB, com uma aproximação linda sobre o mar sobre a Restinga da Marambaia, sendo que a cada pouso e decolagem podíamos curtir o visual de um enorme hangar construído para abrigar os antigos Zeppelins que antigamente lá pousavam. No ano seguinte foi o voo local no 737 em Viracopos. Mas isto é passado, hoje em dia o primeiro pouso de um piloto em determinado avião será em um vôo de linha, acompanhado de um instrutor, é verdade, e cheio de passageiros que, evidentemente, irão desconhecer este fato.
- A primeira foto mostra a aproximação final para pouso na Base Aérea de Santa Cruz, com o hangar do lado direito da pista, ao fundo.
- As outra duas eu peguei da internet, sendo que a preto e branco, mostra do dirigível Hindenburg.
Quer dizer que, de repente, a gente está nas mãos de um piloto que nunca voou - de verdade e pra valer - naquele tipo de avião? Só no tal do simulador?
ResponderExcluirCaro cmte. Beto Carvalho, uma honra para mim ter recebido sua visita em meu blog. Obrigada e parabéns pelas suas estórias da nossa amada aviação.
ResponderExcluirAbraços!
Ele até pode nunca ter voado este tipo de avião, mas terá passado por treinamento teórico e várias sessões em simulador. Já terá uma experiência anterior, e neste primeiro pouso estará sendo acessorado por um comandante-instrutor, que só permitirá que ele efetue tal manobra quando sentir que o aluno está pronto, e o instrutor está ao lado dele com plenas condições de assumior os controles do avião se julgar necessário. É possível que este primeiro pouso seja até melhor que o quarto ou quinto, tal a concentração e vontade de acertar do piloto-aluno. Espero ter respondido e ao mesmo tempo tranquilizado.
ResponderExcluirImagino que seja como um sujeito que costuma viajar de Gol básico e recebe um BMW automático completo para levar de uma cidae a outra. Ele leva.
ResponderExcluirCaro carvalho, assim como a Luana vim retribuir a visita. Você voou ponte com os Electras nao foi? Você me parece familiar, eu era inspetor de manutenção na RG. Grande abraço, está linkado no Aviões & Músicas.
ResponderExcluirOi Lito, voei sim, em 87 principalmente, e cheguei a conhecer o "seu Dudu" entre outros na P Aérea. Bons tempos... Carvalho
ResponderExcluirCmte. Beto Carvalho,
ResponderExcluirParabéns pelo Blog. São relatos muito interessantes, principalmente sua história na aviação.
Grande abraço
Jorge Tadeu