sábado, 17 de outubro de 2009

Ponte Aérea - Uma família

Já falei várias vezes sobre o tempo em que voei na Ponte Aérea, seja na época de co-piloto de Electra, e também mais tarde, quando era comandante de Boeing 737. Realmente foi um período especial, tanto que quando em 2001 tive a oportunidade de voar nas rotas internacionais, optei por ficar mais um tempo na Ponte. Lá o ritmo sempre foi agitado, mas com certeza, bem mais calmo que hoje em dia. Era um grupo fixo, e relativamente pequeno, divido entre a base São Paulo e a base Rio. Por essas características, conseguíamos conhecer melhor as pessoas com quem trabalhávamos. O grupo de comissários de bordo era na sua maioria composto de mulheres, sendo quase todas elas casadas e com filhos. Voando diariamente com o mesmo grupo, sabíamos o nome dos filhos, maridos e esposas dos colegas, sabíamos onde moravam e compartilhávamos problemas pessoais. E não era só entre os tripulantes que esta relação era mais próxima! Também acabávamos conhecendo melhor o pessoal de terra, sabíamos o nome dos funcionários da limpeza, manutenção e serviço de abastecimento de comissaria. Era muito legal. Como o tempo entre um vôo e o outro variava de 30 a 45 minutos, muito bate papo rolava enquanto os passageiros não embarcavam. Os fumantes aproveitavam este tempo para fumar um cigarro na salinha da equipe de limpeza das aeronaves, que ficava próximo aos aviões. No Santos Dumont havia o Reginaldo que aproveitava para vender ótimas saladas de frutas e outras comidinhas, que davam de 10 à zero nas refeições de bordo. Também no Rio de Janeiro, o pessoal organizava bolões quando a mega-sena estava acumulada, ocasiões em que eu sempre voltava para casa cheio de planos para o futuro. Havia a comissária Mari Euge, que voava há tantos anos na Ponte Aérea, que já conhecia alguns passageiros assíduos. Quando ela fazia a primeira ou segunda Ponte SP/RJ no horário da manhã, ela já sabia que alguns de seus passageiros assíduos iam embarcar, e já reservava para eles o jornal de sua preferência. Fora do ambiente do trabalho, era comum nos reunirmos em festinhas infantis, churrascos organizados pelo grupo, aniversários ou para um chopinho. Interessante comentar, que nestes encontros também minha mulher podia conhecer as pessoas do meu trabalho de quem tanto eu falava. Hoje quando me perguntam se gostaria de voltar para a Ponte Aérea, eu respondo que não, quem sabe um dia. A Ponte mudou bastante nestes últimos anos, o grupo é bem maior, o ritmo é mais frenético e o intervalo entre os vôos é bem menor, deixando pouco tempo para este “lado social”. Quero na minha lembrança aquela Ponte sossegada e divertida que volta e meia eu comento neste Blog.

6 comentários:

  1. Olá Beto e família!
    gostamos muito de conhecer o seu trabalho, demonstrado no Blog,com muita dedicação e amor. Primeira vez que partilhamos da posição `atrás dos bastidores da aviação' com comentários e histórias de um excelente piloto.Parabéns!
    Abraços,Sílvia, Zaca e filhos.

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  2. Eu sou apaixonado em fazer a ponte aérea, atualmente eu não estou homologado para fazer a ponte aérea no Virtual, estê mês eu faço o check da ponte e la vou eu, comandante carvalho na época que o sr pilotava na ponte existia a aproximação juliett7, na vida real a aproximação sdu para pista 02 é sempre mais complicada, ao menos para mim me da arrepios quanto o controle rio me informava prepare final 02r sbrj (.....)

    Ederson (www.voegolvirtual.com.br)

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  3. Caro Ederson, de fato a aproximação para a pista 02 exige mais do piloto, especialmente se o teto estiver nos mínimos e o vento forte. Ao girar à esquerda na perna base o vento vai te jogar para cima do Pão de Açucar, então a curva tinha que ser de 30 graus ou mesmo um pouquinho mais. Dê uma ajuda calçando o pé esquerdo, descendo para interceptar a final na rampa ideal. Não tire os olhos da pista e do velocímetro. Se a 500 pés de altitude não estiver se sentindo confortável na aproximação, arremeta e faça nova aproximação. Abç e bons voos. Roberto.

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  4. Não acredito que você ainda lembrou do "TD em NULL"e "EDC em Norm".. hahaha. Eu também tenho saudades "daquela" ponte, do sol escaldante na rampa aos sábados a tarde (e nós mecânicos ficávamos na sombra de um prédio da Infraero bebendo os refrigerantes devidamente "emprestados" pelas comissárias. Você lembrou da Marie Euge, como ela é gente boa. E eu lembrei da Leda, uma loirona que era despachante em CGH, lembra dela? Infelizmente she has passed away :(.
    Depois vou te escrever um email, consegui um novo modelo de Electra pro Flight Simulator (estou corrigindo vários erros) e pretendo fazer um filme e queria colocar tua voz fazendo um speech. Vai pesando aí..rs Grande abraço. (falando em ponte, preciso contar uma história do Sérgio Lott lá no meu blog!)

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  5. Claro que lembro da Leda, ela tinha peitão antes da era silicone. Tinha a Margô, o Ivan, e etc... A Mari Euge se aposentou neste ano. Vc diz que vai contar uma história do Sérgio Lott, ou já contou? Vou verificar. Abç Roberto..

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  6. Olá Beto,
    Trabalhei na Ponte Aérea de 1992 a 1994 quando fui transferido pra VRG em GRU.
    Tive o prazer de trabalhar com a Leda na P.A.! Gente boa demais, peitos gigantes (rss) e um bom humor a toda prova...
    Infelizmente ela faleceu a alguns anos, mas as boas memórias dela e da Ponte ficarão na memória para sempre.
    Doc

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