sábado, 14 de novembro de 2009

Airbus A-300

Após voar por um tempo o Boeing 737, 727 ou Electra na função de co-piloto II, havia na Varig a promoção para co-piloto III para então voar aviões maiores. Na época em que estava chegando a minha vez para promoção, as chances eram de voar o DC-10, o Boeing 767 ou o Airbus A-300. Para o Jumbo 747 não havia promoção e o B-707 estava em fase de aposentadoria. O DC-10 voava o mundo inteiro, o B-767 era um avião novo na empresa, que além de voar para o Canada e Miami, cobria as rotas nacionais e América Latina. Já o Airbus, era o "patinho feio" da frota! Havia somente 4 aviões (2 com pintura Varig e 2 com pintura Cruzeiro), que por terem perdido linhas para os modernos B-767s, tinham deixado de voar para Miami, Caracas e Bogotá, restando a eles 3 voos: Fortaleza, Manaus e Buenos Aires. Pois bem, estava feliz na Ponte Aérea e, quando ao encerrar a programação do dia liguei para o setor que coordenava os cursos, fiquei sabendo que o meu curso para promoção a co-piloto III de Airbus já havia começado a 3 dias atrás! Na manhã seguinte já estava no Rio de Janeiro para acompanhar meus colegas no "ground school", como é chamada a parte teórica do treinamento. O ''patinho feio" com capacidade para 232 passageiros, distribuidos nas classes econômica, executiva e primeira, não voava para longe, mas em compensação, os voos eram uma tranquilidade! Etapas mais curtas, só usávamos paletó e gravata nos voos para Buenos Aires, viajávamos com pouca bagagem, e o grupo de tripulantes, além de ser reduzido, era em sua maioria oriundos da Cruzeiro do Sul, o que fazia uma grande diferença. Uma turma muito bacana, não eram necessariamente cariocas, mas moravam no Rio de Janeiro, e tinham um jeito diferente de trabalhar, mais descontraido, mais à vontade. Outra grande vantagem era que, não havendo simulador de voo do A-300 na América do Sul, tínhamos que nos deslocar para Miami ou Europa. No meu caso, após o "ground school", fomos para Paris, onde fiquei 17 dias em treinamento nas instalações da Air France. Ainda tive 2 treinamentos periódicos, quando após um deteminado período voltamos para o simulador para uma reciclagem, e nestas ocasiões, foram mais 2 temporadas de 5 dias em Madri, nas instalações da Ibéria. É claro que nestes momentos, além de estudos, há também muito passeio e diversão! O grupo de pilotos era pequeno, e os comandantes não faziam "mistério" quanto à operação do avião, nos deixavam à vontade e por isso, aprendíamos muito nos voos. E finalmente, o melhor de tudo, é que foi em um voo para Fortaleza que eu conheci uma comissária por quem me apaixonei, casei e com ela tive meus 2 filhos. Foi um período de um ano e meio que curti demais e que rendeu muitas estórias que aos poucos compartilharei aqui.




3 comentários:

  1. Comandante eu voei no simulador do 737-700 na delta 5 em são paulo, é impressionante como a gente que voa no fligth simulator e pega um simulador soa a camisa, você sente o peso do manche todas aquelas luzes, eu principalmente molhei a camisa, eu estava ao lado de um piloto aposentado da transbrasil que é instrutor na delta5 que me deixou nervos, mais fiquei extremamente emocionado e feliz, para o sr que mora em são paulo é facil de ir, agora eles terminaram o airbus A320, ficou show, mais eu não sou fã do airbus a320, acho ele um notebook voador, os nossos boeings ainda temos eles na mão, na sua transição para o a300 o sr ficou alguma vez nervoso em algum treinamento no simulador?

    Um abraço comantande e fique com deus o sr e sua familia

    Cmt Ederson

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  2. Bem, um pouco nervoso a gente sempre fica nas primeiras sessões, afinal não conhecemos o instrutor, é tudo novidade. Mas nas sessões seguintes a coisa melhora, ganhamos confiança, vemos que o nosso parceiro de treinamento também comete erros, também tem as mesmas dificuldades. E no dia da avaliação e Chech, é a mesma coisa: Um pouco nervoso nos primeiros minutos, mas depois o voo vai fluindo e dá tudo certo! Um abraço, Roberto.

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